O Manual do Professor “O Poder da Palavra” dá uma excelente lista, na página 41 e 42, de como podemos identificar símbolos nas escrituras e interpretá-los. Essa lista não deixa de ser um método de estudo, um método hermenêutico para o aprendizado. Como esse método está em um manual oficial da Igreja, considero suas palavras com muito respeito e cuidado, sabendo que são verdadeiras, e uma das melhores maneiras de se estudar:

escrituras

1. Verifique se as escrituras dão a interpretação do símbolo.

Em Apocalipse 1:12–16 fala de sete castiçais e sete estrelas como parte de uma visão que João teve. No versículo 20, esses símbolos são explicados. Os castiçais representam as sete igrejas (ramos da Igreja) na área de João na época da revelação e as sete estrelas representam os “anjos” (TJS diz “servos”) ou líderes do sacerdócio daqueles sete ramos. (Ver também Apocalipse 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 7, 14.).


Ao interpretar um símbolo, devemos levar em conta o contexto, pois ele pode representar diferentes conceitos dependendo da situação. Um exemplo disso é o metal chamado ferro. Em vários exemplos, ele é usado para representar algo firme, inflexível ou difícil de ser penetrado (Ver Levítico 26:19; Deuteronômio 28:23; Ezequiel 4:3; Apocalipse 9:9), aflição severa ou opressão (ver Deuteronômio 4:20; 28:48; I Reis 8:51; Salmos 107:10; Jeremias 11:4; 28:14; 1 Néfi 13:5), força (ver Deuteronômio 33:25, Daniel 2:40–42; 7:7; Miquéias 4:13; D&C 123:8), permanência, durabilidade (ver Jó 19:24; Jeremias 17:1), orgulho ou teimosia (ver Isaías 48:4; 1 Néfi 20:4), e escória ou aquilo que é de menor valor (ver Isaías 60:17; Ezequiel 22:18).

As pessoas também usam os símbolos para representar conceitos intimamente relacionados em épocas diferentes. Por exemplo, o sangue representa vida (ver Gênesis 9:4), expiação (ver D&C 27:2; Moisés 6:60), pecado (2 Néfi 9:44) e aquilo que é mortal ou terreno (ver I Coríntios 15:50). O contexto é importante para determinar o significado de um símbolo.

estudando as escrituras. Palavra de Deus

2. Observe os ensinamentos dos profetas modernos.

Os profetas, às vezes, ao comentar sobre as escrituras, dão-nos explicações que não se encontram nem nas próprias escrituras. Por exemplo, Joseph Smith comparou os escritos do profeta Daniel (ver Daniel 7) e de João (ver Apocalipse 4–5) e disse: “Daniel não viu um urso ou leão, mas a imagem ou figura dessas bestas. A tradução deve dizer ‘imagem’ em lugar de ‘besta’ em todo lugar que os profetas [do Velho Testamento] falaram de bestas ou animais. João viu no céu animais verdadeiros, e alguém lhe indicou que esses animais realmente existiam ali e não representavam figuras de coisas da terra. (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, 282-283).

profetas modernos

3. Permita que o objeto usado como símbolo contribua para uma compreensão do seu significado espiritual.

No relato de João sobre a visão dos céus, ele mencionou que viu quatro bestas, cada uma com “seis asas” e que eram “cheias de olhos”. (Apocalipse 4:8) Doutrina e Convênios explica que isso é figurativo: “Seus olhos representam luz e conhecimento, isto é, eles são cheios de conhecimento; e suas asas representam poder para mover-se, para agir, etc”. (D&C 77:4) Essa explicação é consistente com a natureza dos símbolos utilizados. (…) Os símbolos não foram escolhidos arbitrariamente pelos profetas. As características naturais e o uso das coisas determinavam a utilização simbólica que se pudesse fazer delas no ensino.

4. Amplie a sua compreensão do evangelho e avalie possíveis interpretações em termos da perspectiva maior do evangelho.

Precisamos compreender as verdades espirituais subjacentes antes de conseguirmos entender os símbolos que se relacionam a elas. Quando as pessoas não compreendem a Expiação de Cristo nem sua ligação com as leis da justiça e da misericórdia, elas deixam de reconhecer os significados associados aos diversos aspectos da lei do sacrifício e às ofertas da lei de Moisés. As escrituras se inter-relacionam; normalmente, encontramos as mesmas palavras, frases e conceitos de uma passagem em outra, com sentido semelhante. Por isso, devemos estudar continuamente as escrituras e as palavras dos profetas, permitindo que as passagens e os ensinamentos interajam constantemente em nossa mente.

Por exemplo, quando combinamos a referência de Apocalipse 2:27 sobre reinar com uma “vara de ferro” com o entendimento das visões de Leí e Néfi sobre a árvore da vida, compreendemos esse símbolo com muito mais facilidade. Néfi explicou que a “barra de ferro … era a palavra de Deus”. (1 Néfi 11:25) O evangelho é consistente. A verdade não contradiz a verdade. Todas as interpretações corretas dos símbolos e figuras das escrituras harmonizam-se com os verdadeiros ensinamentos do evangelho. Este princípio pode ser um padrão de medida para as interpretações simbólicas.

ponderando

5. Medite, pondere e ore a respeito das escrituras e dos símbolos que elas contêm.

O Élder Bruce R. McConkie ensinou:

“Toda escritura vem pelo poder do Espírito Santo (…) e deve e pode ser interpretada apenas pelo mesmo poder. (…) Ninguém é capaz de compreender o verdadeiro significado das escrituras a não ser pela revelação dada pelo mesmo Revelador que as revelou em primeira instância, que foi o Espírito Santo”. (Doctrinal New TestamentCommentary, 3:356).

Se você verdadeiramente deseja entender as escrituras e os símbolos empregados nelas pelo Senhor, terá que esforçar-se para buscar instrução do Senhor por meio de Seu Espírito. (Ver D&C 136:32–33.) O Salvador Se deleita em iluminar a mente e revelar Seus mistérios àqueles que O servem. (Ver D&C 76:5–10.)

homem orando

6. Procure Cristo nos símbolos escriturísticos.

Este último conselho talvez seja o mais relevante. As escrituras são escritas para levar-nos a Cristo (2 Néfi 25:26). João escreve Apocalipse por essa razão, por exemplo. A Expiação e a vida do Senhor são os principais temas nos símbolos do evangelho.

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