Os diferentes relatos da Primeira Visão são contraditórios?
Joseph Smith é o Profeta da Restauração. Por meio dele verdade do evangelho de Jesus Cristo que estavam perdidas foram trazidas à luz, e novas escrituras e mandamentos, reservados aos nossos últimos dias, foram dados.
Tudo começou quando Joseph era um menino de 14 para 15 anos, e desejava ardentemente saber qual das muitas igrejas existentes eram verdadeiras. Ele leu Tiago 1:5 na Bíblia – que incentiva todos a buscarem respostas por meio de questionamento à Deus – e decidiu orar. Ele foi a um bosque e abriu seu coração.
Deus, o Pai, e Jesus Cristo apareceram ao rapaz. O evento foi glorioso, mas particular. Apenas Joseph Smith estava lá – tirando, evidentemente, os seres de glória.
Joseph contou o que aconteceu várias vezes, mas apenas quatro relatos de sua Primeira Visão se tornaram conhecidos. Além disso, seus contemporâneos registraram suas recordações do que eles ouviram Joseph dizer sobre a visão; cinco desses relatos são conhecidos.
Mas por que existem diferentes versões da Primeira Visão? Quais são as diferenças entre cada versão? Ter relatos diferentes de um evento tão importante implica que Joseph inventou tudo ou existe uma outra explicação?
A resposta curta
Os relatos não são contraditórios, mas cada um possui elementos diferentes, pois foram escritos ou narrados em épocas lugares e para pessoas diferentes. O artigo “Relatos da Primeira Visão”, nos Tópicos do Evangelho, explica:
“Os vários relatos da Primeira Visão contam uma história consistente, embora se diferenciem em ênfase e detalhes. Historiadores dizem que quando uma pessoa reconta uma experiência em várias situações e para diferentes públicos ao longo de muitos anos, cada relato vai salientar diversos aspectos da experiência e contêm detalhes incomparáveis. De fato, diferenças semelhantes encontradas nos relatos da Primeira Visão podem ser encontradas nos vários relatos nas escrituras da visão de Paulo na estrada para Damasco e a experiência dos apóstolos no Monte da Transfiguração. Mesmo assim, apesar das diferenças, existe uma consistência básica entre todos os relatos da Primeira Visão. Alguns erroneamente argumentaram que qualquer variação ao recontar a história é prova de sua invenção. Ao contrário, esse rico registro histórico nos permite aprender mais a respeito desse acontecimento extraordinário do que poderíamos aprender se estivesse menos bem documentado”
O Novo Testamento contém três relatos da visão de Paulo, na estrada para Damasco, cada qual com diferentes ênfase e detalhes. Alma, o filho, também possui dois relatos sobre sua visão do anjo – e cada um com detalhamentos diversos. Da mesma forma, Joseph Smith enfatizou diferentes aspectos de sua visão de acordo com o público a que se dirigia e sua compreensão do evento.
Cada relato da Primeira Visão foi preparado por um escrevente diferente, geralmente com muitos anos separando um relato do outro. O relato de 1838, por exemplo, foi escrito para a história oficial da Igreja, ao passo que outro relato foi uma carta escrita em resposta a perguntas feitas pelo redator de um jornal. Joseph Smith também relatou sua experiência aos primeiros conversos e outras pessoas, sendo que pelo menos quatro deles escreveram o que ouviram do Profeta. Esses relatos complementam uns aos outros.
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A resposta longa
O relato de 1832
O relato de 1832 é o registro escrito mais antigo da Primeira Visão. Ele faz parte de uma autobiografia de seis páginas, a maioria dela escrita pelo próprio Joseph. Esse documento está em posse da Igreja desde que foi escrito. Essa versão está focada na culpa que Joseph sentia por seus pecados e na dificuldade de encontrar uma igreja como aquela descrita pela Bíblia.
O relato de 1835
Em seguida, o relato de 1835 foi registrado no diário de Joseph por seu escrevente, Warren Parish, enquanto recontava a esperiência para Robert Matthews em Kirtland, Ohio. Nessa versão, encontramos a busca de Joseph pela igreja verdadeira, a escuridão que o envolveu enquanto orava, a visão, o perdão que recebeu e a aparição de muitos anjos.
O relato de 1838
O relato de 1838 é o mais conhecido e foi incluído na Pérola de Grande Valor em 1851, que se tornou escritura. O Profeta pretendia que esse relato fosse a principal fonte de referência na Igreja e ele contém uma descrição detalhada do contexto histórico. A descrição se foca na visão como o início da restauração da Igreja porque não havia nenhuma igreja correta na terra.
O relato de 1842
O quarto relato feito pelo profeta foi incluído em uma carta que ele escreveu, em 1842, a John Wentworth, redator do jornal Chicago Democrat. Nesta carta, também estavam as Regras de Fé, como conhecemos atualmente. Nessa versão, Joseph Smith incluiu sua busca por uma igreja verdadeira, a visão e como Deus e Jesus Cristo disseram que não havia nenhuma igreja verdadeira na face da terra.
Mas e as diferenças?
“Enfeites”
Um problema relacionado com as diferenças nos relatos tem a ver com a ideia de que Joseph “enfeitou” a história ao longo do tempo para torná-la mais dramática. Esses enfeites podem incluir detalhes adicionais, como a presença de Satanás, anjos e a mensagem de que não existe uma igreja verdadeira.
No que diz respeito aos enfeites, tenho apenas uma pergunta. Por que Joseph enfeitaria uma experiência de Deus e Cristo aparecendo a ele em uma visão? Algo assim não precisa de enfeites.
Um historiador contradiz a ideia de enfeites, afirmando que “mesmo relatos posteriores [além do de 1838] não continuam a se tornar mais longos, mais detalhados ou elaborados. Pelo contrário, esses relatos voltam a soar como os relatos menos detalhados de Joseph.”
Se você se lembra, o último relato de Joseph (o de 1842) não menciona o detalhe da presença de Satanás incluído nos relatos anteriores; nenhum dos dois últimos relatos menciona anjos, e o único relato que mencionou os anjos não foi publicado. Esse padrão não sugere um padrão de aumento de efeites, mas sim de seleção de detalhes.
Contradições
Algumas das diferenças entre os relatos são contradições diretas? E, se forem, essas contradições provam que Joseph forjou a primeira visão? Alguns dizem que a combinação dos relatos nos dá uma história harmoniosa, enquanto outros veem contradições que existem, mas que não deveriam nos fazer duvidar da verdade da visão como um todo.
Um exemplo de uma dessas contradições seria no relato de 1832, quando Joseph diz que não acreditava que uma verdadeira igreja existia na Terra antes de orar, enquanto no relato de 1838 ele diz que “nunca havia passado pela minha mente que todas [as igrejas] estavam erradas”.
Se ele já estava decidido e apenas precisava de confirmação sobre isso, a situação se encaixa no padrão descrito em D&C 9:8, onde o Senhor disse: “você deve estudar isso em sua mente; então você deve me perguntar se está certo”.
Contradições como essa também podem ser uma questão de memória; Joseph era humano afinal. Um estudioso da natureza da memória, explica que “meramente lembrar algo é sem significado a menos que a imagem lembrada seja combinada com um momento no presente”. Ele sugere que pequenas alterações na memória são mais provavelmente o resultado do que desencadeia essa memória no presente do que uma fabricação em grande escala.
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Conclusão
As evidências que temos sugerem que a Primeira Visão ocorreu como um evento histórico. E que as razões mais prováveis para as diferenças entre os relatos não são que a história foi inventada. Os mesmos elementos básicos da visão que importam não mudam entre os relatos, e as diferenças são tão mínimas que dificilmente sugerem uma história inventada.
Na verdade, ChurchofJesusChrist.org diz que “historiadores esperam que, quando um indivíduo conta uma experiência em múltiplos contextos para diferentes audiências ao longo de muitos anos, cada relato enfatizará vários aspectos da experiência e conterá detalhes únicos.”
Os relatos de Joseph têm algumas diferenças? Vemos a mesma coisa nas escrituras. O apóstolo Paulo também teve múltiplos relatos de sua visão de Cristo (Atos 9:1-30; Atos 22:5-21; Atos 26:12-20; Gálatas 1:11-24), escritos em diferentes períodos de sua vida. Esses relatos têm pequenas distinções nos detalhes, como os de Joseph, no entanto, poucos questionam se Paulo estava sendo desonesto.
O Presidente Gordon B. Hinckley escreve em “Deus Não nos Deu o Espírito do Medo” que:
Não estou preocupado que o Profeta Joseph Smith tenha dado várias versões da primeira visão, da mesma forma que não estou preocupado que haja quatro escritores diferentes dos evangelhos no Novo Testamento, cada um com suas próprias percepções, cada um contando os eventos para atender ao seu próprio propósito de escrita na época.
Como você pode ver após essa análise das evidências, há muito que apoia a realidade da primeira visão. Joseph pediu respostas e as recebeu de Deus e de Seu Filho Jesus Cristo. As diferenças na redação, descrição e detalhes pintam o quadro de um homem relatando um evento vivido, em vez de uma invenção, e não podem tirar a veracidade da Primeira Visão e do evangelho eterno de Cristo.
Fonte: Third Hour
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