Com a popularização do reality show “A Vida Secreta das Esposas Mórmons” (The Secret Lives of Mormon Wives), muitas pessoas têm buscado entender se o programa realmente representa a vida das mulheres da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Embora o programa tenha um forte apelo ao entretenimento, acaba gerando dúvidas sobre o que realmente representa a fé e a vida das mulheres Santos dos Últimos Dias.

Este artigo busca apresentar o reality show, distinguir o que é realidade do que é ficção sobre a vida de uma mulher do Santo dos Últimos Dias e oferecer uma perspectiva doutrinária sobre os comportamentos apresentados no reality show. 

Sobre “A Vida Secreta das Esposas Mórmons”

“A Vida Secreta das Esposas Mórmons” é um reality show lançado em 2024 e exibido no Hulu, nos Estados Unidos, e no Disney+ em sua distribuição internacional. A produção mistura elementos de reality show com um formato de documentário em série, acompanhando o cotidiano e as dinâmicas pessoais de um grupo de influenciadoras de Utah.

A série estreou sua primeira temporada em 6 de setembro de 2024. O elenco principal é composto por influenciadoras como Taylor Frankie Paul, Whitney Leavitt, Demi Engemann, Mayci Neeley e Mikayla Matthews.

Importante destacar que, embora o título faça referência a “esposas mórmons”, as participantes não representam oficialmente nem institucionalmente A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Cada uma aparece no programa a partir de sua própria perspectiva, estilo de vida, escolhas pessoais.

A popularidade do programa cresceu por causa de escândalos revelados nas redes sociais, práticas como o “soft swinging”, divórcios, brigas entre influenciadoras e questões sensíveis envolvendo relacionamentos.  

Nada disso tem ligação com a doutrina da Igreja, mas o título “Esposas Mórmons” acaba gerando confusão e alimentando estereótipos…

O que o reality retrata corretamente

Ainda que com o foco no entretenimento, o programa toca em alguns pontos reais da cultura de membros da Igreja, como:

A forte cultura familiar. O papel central da família, valorizado tanto dentro quanto fora do programa, é, de fato, um pilar essencial da Igreja (ver: A Família: Proclamação ao Mundo).

Mulheres participativas e influentes. É verdade que muitas mulheres Santos dos Últimos Dias são empreendedoras, influenciadoras e têm um impacto cada vez mais significativo na sociedade.

O ambiente cultural de Utah. O cenário social de Utah, com forte presença de membros, é retratado de forma verídica, apesar da dramatização.

As mulheres da série "A vida secreta das esposas mórmons".
Imagem: Disney Plus

O que NÃO é retratado corretamente

Elas não representam a Igreja. A doutrina da Igreja não aprova práticas como troca de casais, exposição íntima, sensacionalismo, brigas públicas e relacionamentos conturbados usados como conteúdo de entretenimento.

As participantes são influenciadoras digitais que vivem realidades extremamente específicas e desconectadas dos padrões de vida da maioria das mulheres da Igreja. Sendo assim, elas não representam a grande maioria das mulheres santos dos últimos dias.

O programa não se propõe a ensinar religião e muitas vezes usa o rótulo “mórmon” de forma superficial e equivocada, sem representar crenças, mandamentos e valores reais.

Outro aspecto importante é o ajuste de narrativas para gerar audiência. Como todo reality show, existem edição, roteirização e dramatização.  Portanto, não é um retrato documental da fé ou da vida das mulheres da Igreja.

As mulheres na Igreja

As verdadeiras discípulas de Jesus Cristo e mulheres fiéis da Igreja acreditam e vivem princípios cristãos. Entre eles, estão a castidade, pureza moral, dignidade e propósito eterno, família como prioridade eterna, honra, integridade e escolhas elevadas.

A Lei da Castidade é clara: o Senhor ordena relacionamentos sagrados dentro do casamento, sem exceções (D&C 42:22–24).

Os membros da Igreja, homens e mulheres, são ensinados a buscar retidão, serviço, educação espiritual e temporal e um relacionamento pessoal com Jesus Cristo (Provérbios 31; Alma 37:33-37).

O papel da mulher como discípula, mãe, esposa e líder é fundamental (ver: A Família: Proclamação ao Mundo).

Somos incentivados a ser “a luz do mundo” e o “sal da terra” (Mateus 5:13-16), o que inclui ser um exemplo e inspiração para todas as pessoas ao nosso redor, incluindo nas redes sociais. 

Afinal, por que isso importa?

Vivemos em uma época em que mídia e religião se misturam facilmente, e qualquer narrativa pode virar “verdade” aos olhos do público. 

É preciso tomar muito cuidado com isso! Na nossa era da informação, nunca foi tão importante buscar a verdade em fontes realmente fidedignas.

Há muitos anos o apóstolo Paulo já tinha descrito a apostasia e os tempos trabalhosos dos últimos dias. Em 2 Timóteo 3: 1-5 lemos:

Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amantes dos deleites do que amantes de Deus tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.

Essas palavras de Paulo descrevem com precisão o cenário moral e espiritual do mundo atual.

Vivemos dias em que muitos se afastam da verdade, abraçam ideias distorcidas e apresentam apenas a aparência de bondade. 

Por isso, precisamos de ainda mais discernimento ao consumir conteúdos que misturam fé, entretenimento e opinião pessoal. 

Produções como essa podem gerar:

  • Estereótipos sobre os membros da Igreja
  • Julgamentos equivocados
  • Confusão sobre doutrinas e princípios
  • Uma perspectiva errada sobre a religião

Por isso, é essencial que os membros desenvolvam discernimento espiritual para distinguir o certo do errado, tenham cuidado com o que escolhem consumir nas redes sociais e nas plataformas de streaming e compreendam que ataques à doutrina da Igreja e distorções da verdade sempre existirão.

“Cremos em ser honestos, verdadeiros, castos, benevolentes, virtuosos, e em fazer o bem a todos os homens; na realidade, podemos dizer que seguimos a admoestação de Paulo: Cremos em todas as coisas, confiamos em todas as coisas, suportamos muitas coisas e esperamos ter a capacidade de tudo suportar. Se houver qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável, nós a procuraremos.” (Regra de Fé 13º)

Infelizmente, a Igreja e seus membros que se esforçam para viver o evangelho continuarão a ser alvo de críticas e interpretações equivocadas. 

Porém, podemos sempre responder com luz, por meio das verdades que aprendemos no evangelho e do nosso testemunho. 

Nosso exemplo será sempre a melhor forma de mostrar às pessoas aquilo em que realmente acreditamos.

Conclusão

“A Vida Secreta das Esposas Mórmons” é, antes de tudo, um produto de entretenimento, não um retrato fiel das mulheres da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Alguns aspectos culturais podem aparecer, mas a maioria das polêmicas e dos comportamentos mostrados não refletem a doutrina, os valores ou o estilo de vida da maioria das mulheres da Igreja.

Como discípulos de Cristo, somos convidados a usar discernimento, a consumir mídia com sabedoria e a lembrar que nossa fé sempre será alvo de incompreensões, mas também uma fonte inesgotável de luz, paz e verdade.

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