De maio a agosto de 2025, os responsáveis transferiram os recitais diários de órgão no Tabernáculo de Salt Lake exclusivamente para o Centro de Conferências, a fim de remover milhares de tubos e outras partes do órgão do Tabernáculo como parte de um projeto contínuo de renovação. Ao final do projeto, os técnicos terão avaliado mais de 75 mil peças, substituindo ou restaurando cada uma conforme necessário.
Este projeto é uma das muitas histórias destacadas no Relatório Mundial de outubro de 2025, que estará disponível em 3 de outubro de 2025, no YouTube (em inglês apenas).
Com o falecimento do Presidente Russell M. Nelson e a tragédia em Michigan ocorrida neste último fim de semana, essas histórias também serão incluídas no Relatório Mundial, que será lançado nos seguintes idiomas: cantonês, francês, alemão, italiano, japonês, coreano, mandarim, português, russo e espanhol, na quarta-feira, 8 de outubro de 2025.
O propósito do projeto
O objetivo desta renovação é tornar o órgão mecanicamente sólido e mais acessível para manutenção de rotina, além de reviver sons históricos que se perderam ou foram alterados ao longo do tempo. Joseph Nielsen, técnico mestre de órgãos da Praça do Templo, supervisiona o projeto, explicou:
“Queremos garantir que este instrumento seja ouvido pelas multidões, que toque a música das gerações, mas também que seja o instrumento mais eficiente e mais belo do seu tipo”.
Pessoas ao redor do mundo reconhecem e amam o órgão do Tabernáculo, que desempenha um papel essencial na identidade cultural e musical de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Emily Utt, curadora de locais históricos da Igreja, disse:
“É um dos órgãos mais conhecidos do mundo. É um dos símbolos da Igreja; a fachada deste órgão está na capa do nosso hinário.”
O órgão também influenciou fortemente o famoso Coro do Tabernáculo na Praça do Templo. O diretor musical do Coro, Mack Wilberg afirmou:
“O órgão é imediatamente associado ao Coro. O órgão teve um papel fundamental não apenas na identidade do Coro do Tabernáculo, mas também no som do Coro.”

Trabalho de restauração em andamento
A primeira fase das reformas começou há mais de um ano, e as etapas mais complexas do processo tiveram início em maio.
“O órgão está constantemente necessitando de manutenção”, disse Utt, observando que o trabalho havia chegado a um ponto em que ajustes rotineiros já não eram suficientes. Ela apontou um exemplo:
“O couro que estava aqui desde 1948 estava completamente deteriorado.”
Alguns dos reservatórios do órgão, grandes caixas retangulares que mantêm o ar sob pressão constante e o conduzem aos tubos, tinham couro desgastado, o que causava vazamentos de ar. Quinze dessas grandes peças foram removidas para restauração e substituição do couro.
Para alcançá-las e reparar outros componentes importantes, os técnicos precisaram remover uma seção da parte frontal e aproximadamente um quarto dos 11.623 tubos do órgão.
Com parte da estrutura frontal removida, as equipes trabalharam estrategicamente para retirar tubos e outras peças do órgão do Tabernáculo em 27 de maio de 2025.

Peças enviadas para restauração especializada
Os especialistas enviaram diferentes partes do órgão de tubos para várias regiões dos Estados Unidos para realizarem os reparos necessários.
Um deles, Joe Lambarena, proprietário da Villemin Pipe Organ Co., em Porterville, Califórnia, trabalhou nas placas de válvulas (pouch boards) com couro desgastado.
Essas placas contêm pequenas bolsas de couro que abrem e fecham válvulas, controlando o fluxo de ar para os tubos.
Lambarena realiza todos os reparos à mão, cortando cuidadosamente o novo couro, peça por peça, para evitar irregularidades ou imperfeições. Ele disse:
“Tudo é colado aqui, tudo é perfurado aqui, e dessa forma podemos garantir o controle de qualidade”.

Reparando e preservando um legado musical
Joseph Ridges construiu o primeiro órgão do Tabernáculo no final da década de 1860. Desde então, o órgão passou por mudanças estruturais e de design aproximadamente a cada duas décadas.
A fachada permaneceu a mesma até 1915, quando o Austin Organ Company criou um novo design que projetou o gabinete 4,5 metros (15 pés) para fora de cada lado, dando ao instrumento sua aparência atual.
Em 1949, um novo órgão foi construído utilizando uma pequena quantidade de tubos históricos, pela Aeolian-Skinner Organ Company, sob a direção de G. Donald Harrison. O órgão continuou a ser aprimorado ao longo do tempo.
“[G. Donald Harrison] considerava este o seu magnum opus… É por isso que queremos honrar sua visão, fazer deste o melhor instrumento possível e realizar todo o seu potencial”, afirmou Nielsen.
Nielsen e sua equipe consultaram cartas, documentos e plantas antigas sobre a construção do órgão para restaurá-lo à sua forma e sonoridade originais.
Durante o processo, descobriram componentes que não estavam funcionando conforme o projeto original. Nielsen explicou:
“Alguns desses componentes precisavam ser atualizados… para que funcionassem como foram projetados. Esses esforços estão ressuscitando a voz original do órgão”.
“Estamos restaurando muito do som, das partes tonais, para aquilo que se ouviria nos dias de David O. McKay”, acrescentou.
A equipe reintroduziu dois conjuntos de tubos removidos na década de 1970 e restaurou vozes de cordas ausentes há décadas. Utt, entusiasmada em ouvir esses sons perdidos, disse:
“Uma das coisas que amo neste órgão é que ele me permite ouvir o passado. Os visitantes deste órgão ouvirão sons que não foram ouvidos há 50 anos.”

Etapas finais e cuidados futuros
No final de agosto, as peças restauradas e renovadas foram recolocadas no órgão. A equipe reinstalou, reconectou e afinou todos os tubos, permitindo a retomada dos recitais e do programa semanal Música e Palavras de Inspiração (Music & the Spoken Word).
Mas o trabalho não termina aqui. A gravidade, o pó, o uso e o tempo desgastaram muitos dos milhares de tubos. Nielsen continuará inspecionando e reparando cada um deles, um processo que deve prosseguir por vários anos. As melhorias já produziram uma diferença perceptível. Wilberg afirmou:
“Na verdade, agora consigo ouvir uma diferença no órgão do Tabernáculo. Há muito mais presença no som do que antes”.
Para Nielsen, essa manutenção cuidadosa garante que a voz icônica e inspiradora do órgão perdure por gerações. Ele disse:
“É uma visão do passado, mas também algo que podemos preservar para o futuro… É tão importante que tenhamos esse tipo de instrumento, para que não percamos [nossa] herança.”
Fonte: Newsroom
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