Nota da editora: Este artigo foi compartilhado com permissão do autor e sua versão original pode ser encontrada em JosephSmithsPolygamy.org

Nas últimas décadas, a mídia tem dado destaque a figuras polígamas controversas, como Ervil LeBaron e Warren Jeffs, conhecidos por suas ações violentas e manipuladoras. Programas de televisão como 4 Mulheres e Um Marido e a série Big Love também colocaram os polígamos modernos sob os holofotes.

Dezenas de milhares de polígamos vivem nos Estados Unidos. Cerca de metade pratica o casamento plural conforme descrito por Joseph Smith, e muitos se identificam como “fundamentalistas mórmons”.

Contudo, essa não é uma doutrina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e seus membros não praticam a poligamia.

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É ou não necessária para a exaltação?

Como uma resposta mais curta podemos dizer que:

Joseph Smith nunca ensinou, nem Deus jamais revelou a ele que a poligamia era um requisito para a exaltação. Muitos polígamos modernos e até alguns membros da Igreja acreditam que Joseph Smith e/ou outros líderes da Igreja ensinaram que a exaltação requer poligamia. 

D&C 132 ensina que, para evitar a condenação, é preciso obedecer à lei e ao convênio do casamento eterno — não ao casamento plural. Os versículos 19 e 20 explicam claramente que um casal monogâmico digno, selado pela autoridade de Deus, alcança a exaltação e se torna “deuses, porque terão todo o poder”.

Portanto, as escrituras mostram que Deus pode ordenar, permitir ou proibir uniões plurais, dependendo das circunstâncias de Seus seguidores na Terra. É importante destacar que a poligamia não autorizada não é casamento celestial e cria relações adúlteras.

A única opinião que importa, ao interpretar o Manifesto de 1890 ou outras revelações da década de 1880, é a da pessoa que detém as chaves do selamento. Só ela tem autoridade para declarar a vontade do Senhor nesse assunto. Somente com a autorização de Deus é possível realizar ou validar um casamento plural.

Uma análise detalhada da revelação

Contudo, algumas pessoas concluem que Joseph Smith ensinou que o casamento plural é necessário para a exaltação. Eles observam que perguntas sobre “pluralidade de esposas” foi o que motivou a revelação sobre o casamento celestial e plural, agora Seção 132 de Doutrina e Convênios, e então assumir que tudo dentro dela trata do casamento plural.

Essa observação é importante porque os versículos do 4 ao 6 afirmam que o Senhor vai revelar um “novo e eterno convênio” e que esse convênio e “lei” devem ser obedecidos, ou a consequência é a condenação:

“Pois eis que eu te revelo um novo e eterno convênio; e se não cumprires esse convênio, então serás condenado, porque ninguém pode rejeitar esse convênio e ter permissão de entrar em minha glória.

Pois todos os que receberem uma bênção de minhas mãos obedecerão à lei que foi designada para essa bênção e suas condições, como instituídas desde antes da fundação do mundo.

E quanto ao novo e eterno convênio, foi instituído para a plenitude de minha glória; e aquele que recebe sua plenitude deve cumprir a lei e cumpri-la-á; caso contrário, será condenado, diz o Senhor Deus.”

Alguns autores afirmam que esses versículos universalmente ordenam a prática do casamento plural e que qualquer coisa além da poligamia (ou seja, a monogamia) traz condenação.

No entanto, existem diversos problemas com essa interpretação. Primeiro, em 1833, Joseph Smith perguntou sobre o uso específico de tabaco durante as reuniões da Igreja. Em resposta, ele recebeu uma revelação que consistia em uma lei de saúde geral agora chamada de “Palavra de Sabedoria” (D&C 89), que discute o uso do tabaco em apenas um versículo.

Assim, assumir que uma pergunta sobre a poligamia não poderia gerar uma revelação sobre um tópico muito mais amplo e que menciona o casamento plural, mas não se limita a ele, não é justificado.

As condições da lei

O versículo 7 de D&C 132 apresenta as “condições da lei” que devem ser obedecidas, sem mencionar o casamento plural:

“E em verdade eu te digo que estas são as condições dessa lei: Todos os convênios, contratos, vínculos, compromissos, juramentos, votos, práticas, ligações, associações ou expectativas que não forem feitos nem acertados nem selados pelo Santo Espírito da promessa, tanto para esta vida como para toda a eternidade, por meio daquele que foi ungido e isso também de maneira muito sagrada, por revelação e mandamento, por meio de meu ungido, a quem designei na Terra para possuir esse poder (e designei meu servo Joseph para possuir esse poder nos últimos dias — e nunca há mais que um, na Terra, ao mesmo tempo, a quem esse poder e as chaves desse sacerdócio são conferidas) não terão eficácia, virtude ou vigor algum na ressurreição dos mortos nem depois dela; porque todos os contratos que não são realizados com esse propósito têm fim quando os homens morrem”.

Este versículo afirma inequivocamente que a importância primordial é que a autoridade apropriada seja usada na realização de qualquer cerimônia de casamento e que esse poder, seja “e nunca há mais que um, na Terra, ao mesmo tempo”.

Assim, a “pluralidade de esposas” não é uma “condição desta lei”, a “lei” mencionada no versículo 6 que deve ser obedecida, ou a pessoa será “condenada”, é que a cerimônia seja realizada por “aquele que é ungido”.

Uma revelação para não restar dúvidas

Os versículos posteriores em D&C 132 prometem a exaltação a um casal monogâmico que é selado pela autoridade apropriada e vive dignamente:

“E também, em verdade vos digo: Se um homem se casar com uma mulher pela minha palavra, que é a minha lei, e pelo novo e eterno convênio e for selado pelo Santo Espírito da promessa por aquele que foi ungido, a quem conferi esse poder e as chaves desse sacerdócio e for dito a eles: Surgireis na primeira ressurreição; e, se for depois da primeira ressurreição, na próxima ressurreição; e herdareis tronos, reinos, principados e poderes, domínios, todas as alturas e profundidades — então será escrito no Livro da Vida do Cordeiro que ele não cometerá assassinato, derramando sangue inocente; e se guardarem meu convênio e não cometerem assassinato, derramando sangue inocente, ser-lhes-á feito de acordo com todas as coisas que meu servo disse, nesta vida e por toda a eternidade; e estará em pleno vigor quando estiverem fora do mundo; e passarão pelos anjos e pelos deuses ali colocados, rumo a sua exaltação e glória em todas as coisas, conforme selado sobre sua cabeça; glória essa que será uma plenitude e uma continuação das sementes para todo o sempre.

Então serão deuses, pois não terão fim; portanto, serão de eternidade em eternidade, porque continuarão; então serão colocados sobre tudo, porque todas as coisas lhes serão sujeitas. Então serão deuses, porque terão todo o poder e os anjos lhes serão sujeitos.”

Não importa como os observadores interpretem a revelação de Joseph Smith sobre o casamento celestial — seu ensinamento central é claro. A exaltação está disponível para casais monogâmicos selados pela autoridade apropriada e que vivem dignamente (D&C 132:19–20).

Além disso, o versículo 61 afirma que um homem pode desejar um casamento plural. Para isso, ele deve buscar a devida autoridade do sacerdócio e só pode prosseguir se receber essa autorização. No entanto, nenhuma penalidade é mencionada em qualquer lugar na revelação se um homem não desejar uma segunda esposa.

Depoimentos de testemunhas

Por fim, não há registro de Joseph Smith ou qualquer outro líder do sacerdócio afirmando que todos os homens exaltados são polígamos. 

Durante os depoimentos do Templo Lot, em 1892, perguntaram ao Presidente Wilford Woodruff:

“Joseph Smith alguma vez lhe ensinou, em Nauvoo ou em qualquer outro lugar, que um homem precisa ter mais de uma esposa para ser exaltado?”

Ele respondeu:

“Não sei se já ouvi ele usar essa expressão ou essa forma de expressão.”

De forma semelhante, ao ouvir a pergunta “Joseph Smith lhe ensinou que um homem deve ter mais de uma esposa para ser exaltado?”, Bathsheba Smith — polígama e esposa de um apóstolo — respondeu:

“Nunca ouvi falar disso.”

Joseph C. Kingsbury também prestou testemunho. Quando lhe perguntaram se Joseph Smith havia lhe ensinado “que um homem não poderia ser exaltado no além a menos que tivesse mais de uma esposa”, ele respondeu:

“Não, senhor. Ele não me ensinou isso. Ele não disse nada sobre isso.”

Kingsbury ainda recordou:

“Ouvi pregar do púlpito que um homem poderia ser exaltado na eternidade com uma esposa.”

O casamento eterno

Esses relatos mostram que, embora Joseph Smith tenha introduzido a doutrina do casamento plural, o “convênio” e a “lei” mencionados em Doutrina e Convênios 132 como necessários para evitar a “condenação” se referem ao casamento eterno — e não ao casamento plural.

A advertência de condenação nos versículos 4 e 6 se dirige às pessoas que têm a oportunidade de se selar em um casamento eterno, mas escolhem uma união civil ou outro tipo de matrimônio.

Essas pessoas ficam “condenadas” no sentido de que “permanecem separadas e solteiras, sem exaltação, no seu estado de salvação, por toda a eternidade” (D&C 132:17) e não estão casadas na vida futura.

Esse tipo de consequência eterna também se aplica a outros convênios e ordenanças. Por exemplo, quem rejeita o batismo quando tem a oportunidade não pode esperar uma nova chance sem consequências (ver Alma 34:33–35; D&C 45:2).

Para ler o artigo completo em inglês, acesse JosephSmithsPolygamy.org.

Fonte: Third Hour

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