O plano de Deus é um plano de misericórdia, criado para que todos os Seus filhos tenham a oportunidade de voltar à Sua presença. Mas e aqueles que viveram e morreram sem conhecer o evangelho de Jesus Cristo ou receber a ordenança essencial do batismo? O amor de um Pai Celestial os deixaria sem esperança?
Foi justamente para responder a essa necessidade que surgiu a prática do batismo vicário (ou batismo pelos mortos) entre os santos dos últimos dias.
Neste artigo, vamos explorar quando os primeiros batismos vicários foram realizados e como Deus preparou Seu povo para abençoar não apenas os vivos, mas também os mortos.
“Que farão os que se batizam pelos mortos?”: a doutrina restaurada
A prática do batismo vicário não começou por acaso. Ela foi revelada pelo Senhor a Joseph Smith em Nauvoo, Illinois, em 1840. As escrituras já apontavam para essa verdade. O apóstolo Paulo escreveu:
“Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?” (1 Coríntios 15:29).
Por meio da restauração do evangelho, essa doutrina ganhou clareza. No site oficial da Igreja lemos o seguinte:
“Em 15 de agosto de 1840, (…) Joseph Smith ofereceu um sermão no funeral do membro da Igreja Seymour Brunson. Notando uma mulher presente que havia perdido o filho antes que ele pudesse ser batizado, Joseph revelou que os santos “podiam agora agir em favor de seus amigos que haviam partido desta vida” sendo batizados em favor deles. Ele citou os ensinamentos do antigo apóstolo Paulo (…) e incentivou os santos a se regozijarem “que o plano de salvação foi calculado para salvar todos os que estavam dispostos a obedecer aos requisitos da lei de Deus.”
Logo após a revelação, os santos começaram a agir com fé. O primeiro batismo vicário da história de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi realizado por Jane Neyman em favor de seu filho falecido, Cyrus.
O batismo foi realizado no rio Mississippi, em Nauvoo, Illinois, em setembro de 1840. Esse momento simples, à beira de um rio, foi o início de uma prática sagrada que hoje abençoa milhões de pessoas no mundo inteiro.

Do rio ao templo: aperfeiçoando a obra vicária
Contudo, aquele ato de fé no rio Mississippi era apenas o começo. O Senhor logo revelaria os passos seguintes para organizar e santificar essa ordenança.
Nos primeiros anos, os batismos vicários eram feitos em rios, mas logo o Senhor estabeleceu que ordenanças tão sagradas deveriam ser realizadas em templos.
Em janeiro de 1841, Joseph Smith recebeu uma revelação de que os batismos pelos mortos deveriam ser realizados em templos. O Senhor explicou que “essa ordenança pertence à minha casa” e ordenou aos santos que completassem um templo em Nauvoo.
“Na conferência seguinte, em outubro, Joseph Smith anunciou que nenhum outro batismo pelos mortos seria autorizado até que a pia batismal no Templo de Nauvoo estivesse concluída. Em novembro daquele ano, os santos haviam instalado uma pia de madeira entalhada à mão no porão do templo, coberto-a com um telhado temporário e a dedicado para que os batismos pudessem continuar.”

O desenvolvimento da obra vicária
A prática continuou a ser refinada. Em 1842, Joseph Smith escreveu uma carta à Igreja ensinando que os batismos pelos mortos deveriam ser cuidadosamente registrados, prometendo que aquilo que os santos “registrassem na Terra seria registrado no Céu.”
Assim, foram chamados registradores para garantir que cada batismo realizado fosse devidamente documentado.
A revelação continuou a guiar a Igreja. Nos primeiros anos, entre 1840 e 1845, acontecia de homens atuarem como procuradores para mulheres e de mulheres para homens.
Mas em 1845, já após a morte de Joseph Smith, o presidente Brigham Young anunciou uma nova orientação: a partir daquele momento, “nunca mais se veria um homem ser batizado por uma mulher, nem uma mulher por um homem.”
Ele explicou que “Joseph em sua vida não recebeu tudo o que estava ligado à doutrina da redenção”, mas que o Senhor continuava a guiar a Igreja, “dando aqui um pouco e ali um pouco.”
Isso revela algo precioso: a obra do Senhor é progressiva. Ele concede luz e entendimento conforme Seu povo está preparado para recebê-los.

O significado eterno dessa prática sagrada
Mais do que um ponto histórico, os primeiros batismos vicários revelam como Deus é justo e amoroso. A salvação não estava restrita a quem tivesse acesso direto ao evangelho de Jesus Cristo na mortalidade, mas também alcançaria aqueles que já partiram.
Por meio da obra vicária, todas as pessoas terão a oportunidade de receber o batismo e outras ordenanças essenciais. Outro aspecto importante é que isso não as obriga a aceitar o evangelho. No site da Igreja lemos:
“Os santos dos últimos dias acreditam que os batismos pelos mortos não tornam as pessoas falecidas membros da Igreja; eles simplesmente tornam a ordenança disponível para os espíritos que escolhem aceitá-la.”
Portanto, nosso papel é realizar a ordenança, mas a escolha de aceitá-la ainda é individual e feita por meio do arbítrio.
Quando olhamos para aquele primeiro batismo no Mississippi, podemos enxergar um padrão divino: cada ato de fé abre caminho para que milhares, depois milhões, sejam abençoados.
Hoje, nos templos do mundo inteiro, santos dos últimos dias continuam essa obra de amor, servindo a pessoas que já partiram, mas que são igualmente preciosas aos olhos do Pai Celestial.
Os batismos vicários começaram em 1840, com uma mãe cheia de fé e um rio como cenário. Mas eles continuam vivos hoje, em templos espalhados por todas as nações. Essa prática sagrada mostra que a salvação em Cristo é para todos — vivos e mortos — e que o amor de Deus nunca se limita ao tempo ou ao espaço.
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