A pergunta sobre quando Jesus realmente nasceu tem acompanhado estudiosos, líderes religiosos e cristãos ao longo dos séculos.
Embora a tradição cristã celebre o Natal em 25 de dezembro, evidências escriturísticas e históricas apontam para outro período. Mais do que curiosidade histórica, esse tema nos ajuda a refletir sobre o propósito eterno do nascimento do Salvador.
O que dizem as escrituras e os profetas modernos
Embora a data de 25 de dezembro seja amplamente celebrada, líderes da Igreja já esclareceram que não foi nesse dia que Jesus nasceu. O Presidente Russell M. Nelson ensinou:
“Comemoramos o humilde nascimento do Salvador nesta época do ano. Ainda que saibamos que não ocorreu em dezembro. O mais provável é que o Senhor tenha nascido em abril. As evidências tanto escriturísticas quanto históricas sugerem uma data na primavera boreal, perto da Páscoa judaica”.
Essa compreensão é reforçada por revelação moderna. O Élder David A. Bednar declarou em uma Conferência Geral:
“Hoje é dia 6 de abril. Sabemos por revelação que hoje é o dia verdadeiro e preciso do nascimento do Salvador. O dia 6 de abril também é o dia em que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi organizada.”
Na mesma linha, o Presidente Harold B. Lee afirmou em abril de 1973:
“O dia 6 de abril é uma data de especial importância porque nela comemoramos não só o aniversário da organização de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias nesta dispensação, mas também o aniversário do nascimento do Salvador, nosso Senhor e Mestre, Jesus Cristo.”
Essa visão encontra respaldo em Doutrina e Convênios 20:1:
“O surgimento da Igreja de Cristo nestes últimos dias, sendo mil oitocentos e trinta anos depois da vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo na carne.”
Além disso, o Élder James E. Talmage, respeitado estudioso e apóstolo, escreveu:
“Cremos que Jesus Cristo nasceu em Belém da Judéia, a 6 de abril do ano 1 a.C.”

A tradição do 25 de dezembro
Se sabemos que Jesus não nasceu em dezembro, por que o mundo cristão celebra nessa data? O motivo é histórico.
A tradição foi adotada séculos depois do nascimento do Salvador, possivelmente para coincidir com festivais pagãos de inverno, como uma forma de dar novo significado cristão à data.
Assim, mesmo reconhecendo que não é a data real, seguimos celebrando em dezembro como um tempo de adoração, de lembrança e de união familiar.
Uma outra interpretação: o nascimento durante a festa dos Tabernáculos
Alguns estudiosos também sugerem que Jesus possa ter nascido durante a festa dos Tabernáculos, entre setembro e outubro.
A base dessa ideia está ligada ao serviço de Zacarias, pai de João Batista, no templo. Segundo o relato de Lucas, Zacarias era sacerdote da ordem de Abias. Isso sugere que seu turno no templo teria ocorrido entre junho e julho.
Após a visita do anjo e a concepção de Isabel, Maria recebeu a visita de Gabriel quando Isabel já estava no sexto mês de gestação. Isso situaria a concepção de Jesus entre dezembro e janeiro, e Seu nascimento entre setembro e outubro.
Além disso, no original grego, quando João escreve que “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós,” (João 1:14), a expressão usada pode ser traduzida como “tabernaculou entre nós”. Para alguns intérpretes, isso reforça a conexão entre o nascimento de Cristo e a festa dos Tabernáculos.
Embora essa não seja a posição oficial da Igreja, é uma interpretação simbólica interessante: o Salvador, a verdadeira “luz do mundo”, teria vindo em meio a uma das festas mais significativas de Israel, apontando para Sua missão de habitar entre os homens.
O que realmente importa
Seja em abril, setembro ou em qualquer outro mês, a verdade que sustenta nossa fé é que Jesus Cristo nasceu, viveu, morreu e ressuscitou por cada um de nós. Essa certeza supera qualquer curiosidade sobre a data exata.
Afinal, como discípulos, somos convidados a celebrar o nascimento do Salvador não apenas em um dia do ano, mas em nosso viver diário — quando seguimos Seus ensinamentos, quando escolhemos amar e quando reconhecemos a luz Dele em nosso caminho.
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Caro irmão Lucas, sei que os profetas escreveram sobre esta data, li todos estes discursos que vc cita, mas me deparei com algo que me fez ter dúvida sobre a veracidade e perpetuação desta tese do dia 6 de abril, até hoje, nao tínhamos as declarações do departamento de história da igreja que dizem que o início do texto da revelação de DC 20 foi escrito por David Whitmer, e que este texto citando a data não foi ditado pelo profeta Joseph, além disso existem registros de outros apóstolos contradizendo está data, como J Ruben Clark, ou Elder Mackonkie. Então, a quem devemos dar crédito?
Beto Eis alguns pontos:
1º A descobertas feitas pelo Departamento de História da Igreja e publicadas no projeto “Joseph Smith Papers” não invalidam automaticamente as declarações das Autoridades Gerais modernas – já que a revelação de D&C 20 foi mesmo recebida no dia 06, mas provavelmente foi registrada posteriormente.
2º As notas de rodapé que procuram subsidiar e fortalecer as declarações das Autoridades Gerais que mencionaram 06 de abril como a data do nascimento de Cristo são apenas isso: notas de rodapé – e não podem, caso estejam erradas, destituir o significado da mensagem. Caso as notas sumissem, o texto principal ainda permaneceria…
3º Tanto o Elder Bruce R. McConkie como o Presidente J. Reuben Clark Jr. não afirmaram que Cristo NÃO nasceu no dia 06 de abril – apenas dizem que não conseguimos precisar exatamente a data (sendo que um deles chega a sugerir algo entre setembro e dezembro).
4º Por um princípio básico de interpretação normativa: a norma mais recente revoga a norma mais antiga – as declarações mais atuais sobre o mesmo tema tem preferência.
Mas, enquanto para mim o assunto esta encerrado, respeito aqueles que desejam rever a questão e investigar mais afundo.
Para mais sobre este tema: http://eom.byu.edu/index.php/April_6