Evangelho e equilíbrio emocional são dois temas centrais para quem deseja seguir a Cristo em um mundo agitado. Como discípulos de Jesus Cristo, muitas vezes sentimos que temos tarefas demais e tempo de menos. O élder Okechukwu Imo disse: “Tornar-se e permanecer discípulo fiel de Jesus Cristo exige esforço constante” — e sabemos bem disso.
Somos incentivados a estudar as escrituras, passar tempo com a família, frequentar o templo, cumprir nossos chamados, ministrar… e por aí vai. Não é raro sentirmos que estamos apenas cumprindo uma lista de afazeres em vez de realmente nos conectarmos com Deus e com as pessoas ao nosso redor.
Na cultura atual, ser ocupado virou sinônimo de ser importante. Como disse o élder Uchtdorf: “Às vezes usamos nossa ocupação como uma medalha de honra, como se estar sempre ocupado fosse um sinal de uma vida bem-sucedida.” Mas o evangelho não é sobre estar sempre fazendo algo — mesmo que isso nos dê uma certa sensação de produtividade.
A sociedade vive nos dizendo que nunca fazemos o suficiente. Que precisamos fazer mais. Que, fazendo mais, seremos melhores. Mas talvez a verdade seja simples: não precisamos fazer tudo. Na verdade, ocupar-se demais pode nos afastar do verdadeiro propósito da vida.
O autor cristão John Ortberg escreveu:
“O maior perigo para muitos de nós não é abandonarmos nossa fé, mas nos distrairmos tanto que acabamos vivendo uma versão superficial dela.”
Ocupados demais para sentir?
Estar sempre ocupado pode se manifestar de diversas formas. Pode ser com obrigações reais, como trabalho ou igreja, ou com distrações como redes sociais, séries, esportes e jogos. Nenhuma dessas coisas é necessariamente ruim — mas o problema está no excesso e na falta de equilíbrio.
Essa ocupação constante funciona como uma espécie de “anestesia”: ela nos “anestesia” emocionalmente. Evitamos pensar na dor, no sofrimento ou nas dificuldades. Muitas pessoas têm medo de parar e ficar em silêncio porque o silêncio traz à tona sentimentos que evitamos. É mais fácil ficar anestesiado do que enfrentar a dor e buscar cura.
O problema é que essa anestesia não escolhe o que vai bloquear. Ao tentar fugir da dor, também perdemos a capacidade de sentir alegria, paz e amor. Como diz o Livro de Mórmon:
“É necessário que haja oposição em todas as coisas… caso contrário, não haveria felicidade nem tristeza, bem nem mal.” (2 Néfi 2:11)
Ou seja, só conseguimos sentir alegria de verdade quando aceitamos também as dores da vida. A paz não está em evitar o sofrimento, mas em atravessá-lo com fé.
Nietzsche resumiu isso dizendo:
“Se você tenta evitar todo sofrimento o tempo todo, então está vivendo uma religião da ‘comodidade’. Uma fé baseada no conforto.”
O problema é que o conforto nem sempre é saudável. Às vezes, é apenas o que já conhecemos — mesmo que isso nos cause ansiedade. E, ironicamente, quanto mais nos ocupamos para fugir da ansiedade, mais ansiosos ficamos.

Onde encontrar paz duradoura?
A verdadeira paz vem do nosso relacionamento com Deus e com Jesus Cristo. Mas muitas vezes confundimos esse relacionamento com a lista de tarefas do evangelho. Ir à Igreja, estudar as escrituras, fazer serviço — tudo isso é bom. Mas se estamos apenas “cumprindo” essas tarefas sem presença e intenção, podemos estar nos afastando de Cristo em vez de nos aproximar d’Ele.
A autora conta que, certa vez, foi ao templo buscando paz e acabou tendo uma crise de ansiedade. Estava sobrecarregada. Mesmo com boas intenções, tentar “adicionar mais uma coisa” à rotina não ajudou. John Mark Comer, autor de The Ruthless Elimination of Hurry, escreveu:
“A pressa é uma violência contra a alma.”
Então, o que podemos fazer?
Aqui vão três sugestões simples:
1. Reavalie suas prioridades
Às vezes, sentimos o desejo de fazer algo bom — como ir mais ao templo — mas isso não significa adicionar mais uma obrigação à agenda. Pode ser um convite para remover outras coisas que estão tirando espaço do que é mais importante.
2. Esteja presente
Seja no trabalho, em casa, na Igreja ou em um momento de lazer — esteja realmente ali. Isso traz clareza, paz e conexão real com o que está acontecendo.
3. Guarde o Dia do Senhor
Deus nos deu um dia por semana para descansar. Aproveite esse tempo para se reconectar com Ele, com sua família e com você mesmo. Use o domingo para desacelerar e encontrar sentido.
Fonte: Public Square Magazine
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