Nosso artigo é um artigo doutrinário – e, portanto, não vai tratar, a não ser superficialmente, de aspecto outros: como recomendações médicas.
A circuncisão consiste em retirar cirurgicamente o prepúcio, a pele que cobre a extremidade do órgão genital masculino. Também se conhece esse procedimento como peritomia, postectomia ou postetomia.
No Islamismo, no Cristianismo e no Judaísmo (as três grandes religiões monoteístas), os fiéis associam a prática à história de Abraão, profeta do Velho Testamento conhecido como “o pai da fé”.

O convênio abraâmico
O Senhor fez um convênio com Abraão (ver Gênesis 12; Abraão 2). Com esse convênio, o Senhor mudou o nome de Abrão para Abraão. A circuncisão tornou-se um sinal ou símbolo deste convênio. O Senhor também prometeu a Abraão e Sara que em sua velhice eles teriam um filho e que o nome dele deveria ser Isaque.
A descendência masculina de Abraão deveria ser circuncidada, por dois motivos:
- primeiro, para mostrar aos pais que o bebê não precisava ser batizado até oito anos de idade;
- segundo, para mostrar aos pais, ao próprio circuncidado e a cônjuge – que se faz parte de um convênio sagrado.
Deus declarou a Abraão:
“E estabelecerei uma aliança de circuncisão contigo e será minha aliança entre mim e ti e tua descendência depois de ti em suas gerações; para que saibas para sempre que as crianças não são responsáveis perante mim até que tenham oito anos de idade” (TJS, Gênesis 17:11).
Este ponto é muito interessante. Entramos no convênio abraâmico por meio do batismo de água e fogo. De fato, todos os que são batizados tornam-se “descendência” de Abraão. Abraão foi batizado e recebeu todas as ordenanças [1].

Circuncisão e o batismo de criancinhas
Mas para que ele, e principalmente, seus descendentes soubessem que o batismo era para remissão de pecados. Além disso, as criancinhas não necessitavam de batismo. Instituíram um símbolo: circuncidavam os menininhos no oitavo dia para que os pais soubessem que só aos oito anos deveriam batizá-los.*
“A doutrina de batizar crianças ou aspergi-las com água, caso contrário terão de ser lançadas no inferno, é uma doutrina falsa que não é apoiada pelas Santas Escrituras e não condiz com o caráter de Deus. Todas as crianças são redimidas pelo sangue de Jesus Cristo e, no momento em que essas crianças partem deste mundo, são levadas para o seio de Abraão.” [2]
Deus ainda declarou a Abraão que a circuncisão seria “por sinal da aliança entre mim e vós” (Gênesis 17:11). O espírito de apostasia, porém, levou muitas pessoas da antiguidade a acreditar que a circuncisão era necessária para santificar todos os meninos.

A circuncisão e apresentação de Jesus Cristo
Os pais de Jesus circuncidaram o próprio Salvador (Lucas 2:21). Bem como João Batista [3] e vários outros profetas e santos do passado. Podemos seguramente afirmar que Néfi, Helamã, Jeremias, Isaías, Daniel – foram todos submetidos ao oitavo dia de vida, a circuncisão. O Salvador revelou a Mórmon que a lei da circuncisão não deve durar para sempre.
“A lei da circuncisão foi abolida por minha causa” (Morôni 8:8).
Doutrina e Convênios explica por que a lei da circuncisão teve fim (ver D&C 74:2–7). De fato, a Igreja não exige a circuncisão dos meninos, a menos que um médico recomende o procedimento — e, mesmo nesses casos, isso não se relaciona com as ordenanças do Evangelho.
Assim, como o sacrifício de animais – que remonta à Adão, e a lei de Moisés – a Lei da Circuncisão – foi cumprida em Cristo [4].
Hoje o Senhor exige um coração circunciso, ou em outras palavras, a vontade consagrada de uma pessoa à Sua Obra. Paulo disse que “em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum, mas, sim, o ser uma nova criatura.” (Gálatas 6:15). Ele também ensinou:
“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e que nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Filipenses 3:3).
Dia virá, e está próximo, em que se cumprirá a escritura, repetida várias vezes nas obras-padrão, que na Cidade Santa não entrará nem incircunciso, nem impuro (2 Néfi 8:24, Isaías 52:1, 3 Néfi 20:36). Estejamos preparados!
Notas do autor:
- [1] O Profeta Joseph Smith explicou:
“Se aceitarmos que as escrituras dizem exatamente o que querem dizer, então podemos provar com base na Bíblia que Deus sempre ensinou o mesmo evangelho; que as pessoas sempre cumpriram as mesmas ordenanças; que os mesmos tipos de oficiantes sempre as realizaram; e que os sinais e frutos das promessas sempre foram os mesmos. Por isso, como Noé pregou a retidão, ele deve ter recebido o batismo e a ordenação ao sacerdócio pela imposição de mãos, entre outras ordenanças. Deus chama as pessoas para receber essa honra, assim como chamou Aarão [ver Hebreus 5:4]. - Se há pecado entre os homens, o arrependimento foi sempre necessário, e ninguém pode estabelecer outro fundamento além de Jesus Cristo. Todos os justos, como Abel, Enoque, Noé, Abraão, Jacó, Moisés e outros, tornaram-se justos por obedecerem aos mandamentos de Deus. Mesmo Jesus Cristo, que não tinha pecado, declarou a João ser necessário ser batizado para “cumprir toda a justiça” (Tradução de Joseph Smith, Mateus 3:43). Se isso foi necessário para Ele, também é para todos que buscam o reino de Deus, pois Ele é a porta; e “aquele que não entra pela porta… mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador” (João 10:1–2). Fonte: Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, capítulo 7: “Batismo e Dom do Espírito Santo” (2007).
- [2] History of the Church, volume 4, p. 554; de um discurso proferido por Joseph Smith em 20 de março de 1842, em Nauvoo, Illinois; relatado por Wilford Woodruff; ver também apêndice, página 562, item 3.
Outras notas
- [3] O Élder Bruce R. McConkie explicou: “No oitavo dia, os israelitas davam nome às crianças e circuncidavam os meninos. No caso de João, um anjo de Deus o ordenou quando ele tinha oito dias de idade — não ao Sacerdócio Aarônico, pois ele o receberia mais tarde, após o batismo e outros preparativos —, mas com poder para abater o reino dos judeus e endireitar as veredas do Senhor diante do povo, a fim de prepará-lo para a vinda do Senhor, em cuja mão Deus colocou todo o poder.” (D&C 84:28). Isto significa que, nessa solene cerimônia do oitavo dia, um anjo, presumivelmente Gabriel, deu ao Elaias do Senhor o divino comissionamento de servir como o maior precursor de todos os tempos.” (Bruce R. McConkie,Doctrinal New Testament Commentary, 3 vols. [Salt Lake City: Bookcraft, 1965], 1:89.)
- [4] O Élder D. Todd Christofferson, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou que o livro de Atos posteriormente apresenta outro exemplo — de certa forma correlato — que mostra como um grupo reunido em conselho pode receber revelação sobre questões doutrinárias. Surgiu uma controvérsia sobre a circuncisão exigida pela lei de Moisés, se ela continuaria a ser um mandamento do evangelho e da Igreja de Cristo (ver Atos 15:1, 5).
- “Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto” (Atos 15:6). O registro que temos daquele conselho sem dúvida está incompleto, mas lemos que após “grande contenda” (Atos 15:7), Pedro, o Apóstolo sênior, levantou-se e declarou aquilo que o Santo Espírito lhe confirmara. Ele lembrou os membros do conselho de que, quando os discípulos começaram a pregar o evangelho aos gentios incircuncisos na casa de Cornélio, esses gentios receberam o Espírito Santo da mesma forma que os judeus circuncidados que haviam se convertido.
- Deus, disse ele, “não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também” (Atos 15:9–11; ver também o versículo 8).
- Depois que Paulo, Barnabé e talvez outros se manifestaram a favor da declaração de Pedro, Tiago propôs que a decisão fosse implementada por carta à Igreja, e o conselho dispôs-se “concordemente” (Atos 15:25; ver também os versículos 12–23). Na carta que anunciava sua decisão, os apóstolos escreveram: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (Atos 15:28). Em outras palavras, aquela decisão veio por revelação divina por intermédio do Santo Espírito.” (A Doutrina de Cristo, A Liahona, Maio de 2012)
- * A Seção 74 de Doutrina e Convênios é uma revelação dada a Joseph Smith, o Profeta, no Condado de Wayne, Nova York, em 1830. Mesmo antes da organização da Igreja, haviam surgido perguntas a respeito do modo correto de batizar, o que levou o Profeta a buscar respostas sobre o assunto. A história de Joseph Smith registra que ele explicou esta revelação como uma interpretação de 1 Coríntios 7:14, uma escritura que frequentemente justificava o batismo de criancinhas. Recomendamos que você leia.
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