Escrito com base no relato de Beatriz Sodré
Em um mundo onde o sucesso costuma ser medido por metas e números, a história de Beatriz Sodré mostra que o verdadeiro propósito nasce do serviço. Mãe de quatro filhos — Luiza, Henrique, Marina e Elisa, membro ativa de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e fundadora do Centro CORA, uma clínica que atende crianças e jovens neurodivergentes.
O que começou como um pequeno projeto se tornou um espaço de transformação — para as famílias, para os profissionais e para ela mesma.

Família, fé e um sonho fora do roteiro
Beatriz casou-se aos 19 anos e sempre teve clareza de suas prioridades:
- Ser mãe e viver o Evangelho em família;
- Trabalhar e empreender de forma significativa.
Apesar do sonho de empreender, ela sempre priorizou o lar. Ainda assim, sentia em seu coração que Deus a chamava para algo além, algo que unisse maternidade, serviço e propósito.

Um amor natural por jovens e crianças
Ao servir na Igreja, Beatriz sempre se identificou com o trabalho com jovens e crianças. Ela e seu esposo (que hoje serve como conselheiro no bispado) desenvolveram uma habilidade especial de conquistar a confiança deles, transmitir amor e acolhimento.
Esse contato constante abriu seus olhos para as necessidades daqueles que, muitas vezes, passam despercebidos: os neurodivergentes.
Da frustração à inspiração
Em uma conversa com sua irmã, surgiu a ideia de abrir uma escola ligada aos princípios da Igreja. Isso a encantou, mas não parecia completo. Beatriz até tentou trabalhar em uma escola, mas não se encontrou.
Foi então que Beatriz começou a observar uma dificuldade real dentro da Igreja: muitos líderes não sabiam como lidar com crianças e jovens neurodivergentes.
Ali ela enxergou mais do que uma oportunidade de negócio. Ela viu um chamado.
“Eu não queria apenas empreender. Eu queria servir.”

Nasce o CORA — Cuidado, Oportunidade, Respeito e Autonomia
O CORA começou pequeno, com poucos profissionais e poucos atendimentos. Mas o propósito era enorme. Hoje, o centro já conta com cerca de 50 profissionais.
E o crescimento não veio só em números, mas veio com o sentimento de realização.
Quando Deus entra no negócio
O início foi difícil. O ambiente não estava alinhado aos valores que Beatriz queria. Pessoas sem integridade tornavam o clima pesado e desarmonioso.
Até que, em um momento de cansaço e incerteza, o marido dela foi até o espaço e orou — buscando a ajuda do Senhor para que tudo acontecesse de acordo com a Sua vontade.
Depois disso, tudo mudou, a equipe se transformou. Profissionais alinhados começaram a chegar naturalmente. E o ambiente se tornou leve e espiritual. Isso foi aos seus olhos um verdadeiro milagre, o qual ela sente a confirmação todos os dias!
“O CORA é um lugar onde as pessoas querem estar.”
Serviço social: cuidado que vai além da clínica
O CORA não atende apenas individualmente. Eles desenvolvem trabalho social e capacitação de terceiros, como:
- Treinar equipes de buffets infantis para receber crianças e jovens neurodivergentes.
- Trabalha com diversos planos de saúde, algo raro nesse tipo de clínica e que democratiza o acesso.
Isso impacta não só os pacientes, mas toda a comunidade.
Milagres financeiros também acontecem
Como todo empreendimento, houve momentos em que o dinheiro simplesmente não fechava.
Beatriz lembra de meses em que não havia lucro algum, e a folha de pagamento parecia impossível de cumprir. Ela orou e viu o milagre acontecer:
“Não sei explicar. Era para não dar certo. Mas deu. Todo mundo foi pago.”
Para ela, não foi coincidência, mas foi o Senhor dizendo: “Eu estou aqui.”

Uma mulher que uniu serviço com realização pessoal
Beatriz sabe que algumas pessoas podem olhar sua rotina e perguntar:
“Como você dá conta?”
Ela responde com simplicidade: não dá — e tudo bem. Seu trabalho não a afasta da família nem da Igreja; ao contrário: Permite que ela sirva melhor. E realiza seu desejo de ser uma mulher que contribui com seus dons e talentos.
Beatriz também aprendeu a lidar com uma expectativa ainda comum em alguns ambientes religiosos: a ideia de que uma mulher fiel deve, necessariamente, ficar exclusivamente em casa. Porém, vivendo o Evangelho no dia a dia, ela descobriu que o Senhor conduz cada trajetória de forma individual.
Para ela, cuidar da família continua sendo sua maior prioridade, mas trabalhar e empreender também se tornaram parte de seu propósito como filha de Deus. Em sua vida, família e trabalho não competem; eles caminham juntos. E seu exemplo mostra que, quando buscamos inspiração do Senhor, nossa identidade e nosso propósito não se anulam, se expandem.
Inspirando outras mulheres e a próxima geração
Hoje, Beatriz usa sua própria jornada para aconselhar meninas e jovens mulheres que estão diante de decisões importantes, como servir ou não uma missão de tempo integral.
Ela as lembra, com carinho, de que o amor de Deus não depende de uma escolha específica: “Você não será menos amada por Deus se escolher um caminho diferente.” Seu propósito agora é inspirar pessoas: empreendedores, líderes, crianças e jovens neurodivergentes, e especialmente mulheres que desejam servir, trabalhar e permanecer fiéis ao Senhor, cada uma seguindo o caminho que Ele traçou individualmente para sua vida.
Beatriz compartilhou também que, ao longo desse processo, aprendeu algo profundo sobre revelação pessoal. Muitas vezes, esperamos respostas grandiosas, revelações extraordinárias ou sinais incontestáveis, mas ela percebeu que o Senhor trabalha de maneira simples.
Recordando as palavras do Élder Jeffrey R. Holland, ela disse: “E se as respostas às nossas orações vierem de maneira simples, incomum ou até complicada?” Para Beatriz, o CORA é exatamente isso: uma resposta silenciosa e, ao mesmo tempo, poderosa.
Não veio em um anúncio dramático, mas através de sentimentos pequenos, oportunidades discretas e pessoas colocadas em seu caminho. Deus não apenas realizou o sonho dela — Ele fez com que esse sonho abençoasse outras famílias, profissionais e jovens. Para ela, o CORA é a prova de que o Senhor guia cada passo quando escolhemos servir e confiar Nele, mesmo quando a resposta vem suave como um sussurro.
Ver também:
- Permitir que o Senhor escreva a minha história
- Quando recebemos a cura após pagarmos a oferta de jejum
- A jornada de uma mãe atípica: descobrir, ensinar, amar



