Uma carta para o meu amigo inativo
Amigo Inativo
“E agora, eis que vos pergunto, meus irmãos da igreja: haveis nascido espiritualmente de Deus? Haveis recebido sua imagem em vosso semblante? Haveis experimentado esta poderosa mudança em vosso coração?” (Alma 5:14)
Nao sei exatamente o porque, mas hoje eu acordei com uma vontade imensa de falar com você. Talvez seja o fato de que é domingo de manhã e está meio frio. Me lembrei daquele dia em que caminhamos na chuva para cumprir com nossas designações.
Essa memória funcionou como uma porta e tantas outras também vieram. Foi tão bonito aquele discurso que você fez, nem acreditei quando te vi falando com tanto poder e comovendo toda a congreção. A gente riu muito do pedido que os missionários nos fizeram. Aliás, a gente se perguntou várias vezes como é que eles tem essas ideias. Paramos um pouco com a correria da vida e sentimos empatia por eles, pensando sobre o quão duro deve ser uma rotina onde você tem tão pouco tempo pessoal e com sua família.
Amigo inativo, a primeira coisa que eu gostaria de te lembrar é que a nossa amizade não acabou porque você decidiu que por agora a igreja não “cabe” em sua vida. Éramos amigos não só porque somos irmãos de igreja mas porque construímos memórias juntos e aprendemos a nos amar.
Meu amor por você está acima de julgamentos. Eu não acredito que eu seja melhor que você porque estou me esforçando por guardar os mandamentos e você não. Ao contrário, eu sei que com todos os desafios que a vida nos traz, as vezes é muito difícil manter-se apegado a barra de ferro. Talvez meu medo seja que, quando eu fraquejar, você não esteja aqui para me estender a mão.
Não pude deixar de pensar em tudo o que já vivemos juntos. Os agravos que passamos por estarmos tentando fazer-nos discípulos de Jesus Cristo não foram suficiente ainda. Precisamos ir adiante e permanecer fiéis até o fim. Eu te amo e quero te fazer um pedido simples: volta…
E agora, eis que eu vos digo, meus irmãos, se haveis experimentado uma mudança no coração, se haveis sentido o desejo de cantar o cântico do amor que redime, eu perguntaria: Podeis agora sentir isso? (Alma 5:26)
Volta porque eu sinto sua falta. Quero ter alguém que me entende com um olhar, quando estou observando um orador na reunião sacramental. Quero alguém pra rir comigo daquelas piadas mórmons. Eu preciso de alguém com a sua criatividade para me ajudar a planejar as atividades. Preciso das sua companhia quando estiver fazendo visitas.
Volta porque existem aulas que seriam muito mais interessantes se tivessem sido preparadas por você e porque as reuniões de testemunho precisam do seu. O bispo parece um pouco cansado e talvez você pudesse ajudá-lo em algo. Seu talento para o serviço é algo incomparável.
Volta porque eu quero alguém pra discutir escrituras comigo e para analisar porque é que é tão difícil “encontrar namorado na igreja”. Para meditar nas diferenças de comportamento entre membros e não membros. Só você é capaz de compreender como eu me sinto. Só você é capaz de entender que o meu sorriso por ser um membro da igreja, também esconde muita dor e frustração.
Amigo, eu quero ir ao templo com você, porque a viagem é muito mais legal com a sua presença. Até das suas reclamações eu ando sentindo saudade.
Da última vez em que nos falamos você se queixou da vida. Apesar das festas, dos novos amigos, dos domingos livres, você me confessou tristeza e me disse “sinto falta daqueles tempos”. Não quero perder a oportunidade de te dizer que eu também. Sinto falta daqueles tempos mas especialmente eu sinto falta de você.
Quero terminar essa carta meu querido amigo inativo, te dizendo que é verdadeira a profecia: a igreja não acabou porque você está inativo. A igreja persiste de pé e a obra do Senhor está avançando, mas para mim tudo isso seria muito mais suave e prazeroso com a sua ajuda e com a sua presença.
Com essa carta de hoje quero te lembrar que nunca fomos longe demais para nos arrependermos e voltar ao caminho do Senhor, eu estou aqui para você da mesma forma que sei, que você estaria para mim. Eu amo você.
Ouça também o hino – “Amigo, Eu te acharei”.