Nota da editora: Artigo publicado em 2016 e atualizado para melhor compreensão e clareza.

Os Apócrifos ou Livros Apócrifos são termos falados com certa frequência no meio cristão, mas que têm um significado diferente para diferentes grupos de pessoas.

Neste artigo, queremos falar brevemente sobre o que são os Apócrifos, por que é algo um pouco contraditório e qual é a posição dos Santos dos Últimos Dias sobre eles.

O que são os Apócrifos?

Como sabemos, a Bíblia é composta por vários livros escritos por diferentes autores em diferentes momentos da história. Só que nem todo mundo concordou com o que estaria ou não incluso na Bíblia, por isso algumas versões da Bíblia possuem livros que não existem em outras versões.

Um exemplo disso é a Bíblia Católica. Ela possui alguns livros no Velho Testamento que não estão presentes em uma Bíblia Protestante.

Esses últimos enxergam os livros incluídos pelos católicos como apócrifos, o que quer dizer que eles não são aceitos como escrituras sagradas – e por isso não foram inclusos na Bíblia Protestante.

Por outro lado, os católicos consideram esses livros como deuterocanônicos, pois sua canonicidade foi questionada por alguns, mas aceita posteriormente. E por isso estão na Bíblia Católica.

Há muitos livros escritos antes e depois de Cristo que tiveram o objetivo de ser aceitos como escritura mas que não foram. A lista é bem longa e alguns exemplos são:

  • O Primeiro Livro de Esdras
  • O Segundo Livro de Esdras
  • Tobias
  • Judite
  • Adições ao Livro de Ester
  • A Sabedoria de Salomão
  • Eclesiástico ou a Sabedoria de Jesus filho de Siraque
  • Baruque
  • Uma Epístola de Jeremias
  • O Cântico dos Três Hebreus
  • Daniel e Susana
  • Daniel, Bel e Dragão
  • A Oração de Manassés
  • O Primeiro Livro dos Macabeus
  • O Segundo Livro dos Macabeus.
Doutrina e Convênios - escrituras

Mas o que caracteriza uma escritura inspirada de outra?

Essa é uma questão complicada.

Voltando ao exemplo dos católicos e dos protestantes, aprendemos que o que é considerado ou não como escritura inspirada é algo que vem sido debatido por muitos anos, desde que o protestantismo começou a existir. 

Foi mais ou menos nesta época que reformadores decidiram remover livros da bíblia católica, alegando que continham doutrinas contraditórias com o resto da Bíblia. Então, os católicos afirmaram que os protestantes retiraram esses livros porque seus ensinamentos contrariavam a doutrina protestante, mas argumentaram que, como esses livros estavam na Septuaginta, sua inclusão era válida.

E assim continuou essa questão, com diferentes argumentos. Teólogos ainda tentam se aprofundar na história para poder buscar uma explicação, mas por ser algo que aconteceu há tanto tempo, é difícil encontrar todas as peças desse quebra-cabeça.

E o que os Santos dos Últimos Dias pensam sobre os Apócrifos ou os Deuterocanônicos?

A posição dos Santos dos Últimos Dias sobre esses livros é bem simples e não está ligada a argumentos históricos. Por meio de uma revelação moderna, o Profeta Joseph Smith recebeu a resposta do Senhor sobre esses livros.

Em 1833, Joseph estava trabalhando na tradução inspirada da Bíblia (conhecida como Tradução de Joseph Smith, ou TJS) e se deparou com os Apócrifos.

Na época do profeta, os editores frequentemente incluíam os livros considerados apócrifos no final das edições da Bíblia, como uma espécie de apêndice. A Bíblia que Joseph Smith usou para fazer sua revisão continha 14 desses livros — e vale notar que nem todos são reconhecidos como escritura pela fé católica.

Intrigado, Joseph perguntou ao Senhor se esses livros deveriam ser considerados em sua tradução/revisão e a resposta do Senhor foi a seguinte (encontrada em Doutrina e Convênios 91):

“Em verdade, assim vos diz o Senhor com referência aos Apócrifos: Há muitas coisas neles que são verdadeiras e estão, na maior parte, traduzidas corretamente.

Há muitas coisas neles que não são verdadeiras, que são acréscimos feitos pelas mãos de homens.

Em verdade vos digo que não é necessário que se traduzam os Apócrifos.

Portanto, aquele que os ler que compreenda, pois o Espírito manifesta a verdade;

Aquele que o Espírito iluminar se beneficiará desses escritos; quem não receber essa iluminação não conseguirá tirar proveito deles. Por isso, não consideramos necessária sua tradução.

Refletir a valorização da verdade em diversas fontes.

Eu amo essa resposta.

Os Santos dos Últimos Dias acreditam que Deus é a fonte de toda a verdade, mas não acreditamos temos o monopólio de toda a verdade.

Embora não tenhamos os livros apócrifos/deuterocanônicos na tradução da Bíblia que utilizamos, acreditamos que existe verdade neles e que aqueles que estudam com o Espírito Santo como seu guia, se beneficiarão de seu conteúdo.

Esse artigo é uma adaptação de “What Is the Apocrypha?“, publicado pelo Saints Unscripted.

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