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O que o Livro de Mórmon ensina sobre valores morais?

Guerra Livro de Mórmon
“Portanto, o fruto de teus lombos escreverá; e o fruto dos lombos de Judá escreverá; e aquilo que for escrito pelo fruto de teus lombos e também o que for escrito pelo fruto dos lombos de Judá serão unidos, confundindo falsas doutrinas e apaziguando contendas e estabelecendo paz entre o fruto de teus lombos(…)”.[1]

Cerca de dois anos atrás, fui procurado por uma colega que me enviou um texto escrito por um membro da igreja menos ativo. O texto questionava a validade da Bíblia e o porquê de seguirmos seus ensinamentos, considerando que historicamente a Bíblia e a religiosidade nela encontrada haviam, para alguns, servido de suporte e encorajamento para atos de assassinato, sofrimento e covardia. Apesar de superficialmente parecer que estava meramente me informando e lamentando a ação de seu colega, senti que no fundo ela havia ponderado em alguns daqueles pontos, e também encontrava-se em dúvida, com seu testemunho na balança.

Não precisei pensar muito sobre como ajudá-la para que a resposta nítida viesse à minha cabeça: O Livro de Mórmon é o melhor aliado da Bíblia! Pus-me a pensar nos tópicos do texto do irmão menos ativo, e como os profetas e histórias do livro de Mórmon explicavam, esclareciam e apoiavam a visão correta do ensinamento bíblico. Cito daqui para frente, o título de alguns dos tópicos que haviam no texto que ela me enviou, e minha resposta utilizando somente o Livro de Mórmon. Espero com isso que os membros da igreja fortaleçam sua confiança em procurar respostas para assuntos difíceis e até polêmicos, nessa literatura sacra.

1. Guerras

Segundo o jovem que escreveu o texto, os homens sob a ordem do Deus do velho testamento, matavam e dizimavam nações inteiras, livremente, e isto estimulara muitos povos medievais e colonizadores do século XVI a aplicar semelhantes práticas com servos feudais, povos estrangeiros e índios americanos. Tais atos descritos em diversas partes do velho testamento são verídicos, e os exércitos de Israel caíram contra os inimigos para dizimá-los, sob a ordem do Senhor Jeová. Havia porém um propósito para tudo isso. O Senhor não se deleita no derramamento de sangue. Ao meditar no tópico, duas escrituras em especial surgiram em minha mente, provindas dos escritos do profeta Néfi, no Livro de Mórmon: “Pensais que nossos pais teriam sido mais favorecidos do que eles, se eles tivessem sido justos? Eu vos digo: Não. Eis que o Senhor considera toda carne igualmente;(…) “[2], e “Melhor é que pereça um homem do que uma nação degenere e pereça na incredulidade”[3]. O princípio que Néfi me ensinara nessas passagens era que O Deus que deu a vida à todas as coisas, algumas vezes julga justo ou sábio tirá-la. Assim, seus desígnios eternos são cumpridos, em parte porque o indivíduo que cometia os erros é privado de agravar ainda mais sua situação eterna, e em parte porque os justos são feitos livres para cumprir a vontade do Pai Celestial. Essa ordem contudo, parte do Senhor, e não da ambição ou sede de vingança dos homens. Aquele que sem autorização tira a vida de seu irmão, não importa quão iníquo seja, inclusive se for rei ou governante, terá que responder por isso no último dia[4].

2. Poligamia

A alegação de que por ordem bíblica, homens ao longo da história puderam ter quantas esposas desejassem, poderia ser muito bem aplicada à revelações no restaurado de Cristo, já que entre 1840-1890, vários homens mórmons praticaram poligamia. Contudo, a ideia de que tal prática é aceitável meramente porque profetas e personagens da Bíblia viveram-na, constitue-se de um equívoco. Houveram sim, momentos onde a poligamia foi divinamente autorizada, como na época dos patriarcas do velho testamento como Abraão, Isaque e Jacó[5], e na época dos pioneiros mórmons[6], com razões que variavam, desde para cumprir o mandamento de multiplicar e encher a terra, até prestar auxílio emocional e financeiro à viúvas e orfãos.

Porém o padrão de monogamia era o comum e o mais duradouro (só revogado quando instruções divinas especificas e diretas liberavam, sob certas condições, o casamento plural, e ainda assim, era de modo organizado e casto). A confirmação disso veio para mim através de um discurso do profeta Jacó, do livro de mórmon, onde este advertia os homens do povo sobre o grande pecado de se possuir mais de uma esposa[7]. Mais uma vez, a validade da doutrina depende da ordem de um Deus que se comunica com seus servos na terra, de uma igreja viva, pulsante de novas revelações, que apesar de existente nas épocas bíblicas e do livro de mórmon, havia sido perdida durante boa parte do período onde diversas barbaridades foram cometidas.

3. Escravidão

Um dos regimes mais vergonhosos da história humana foi o regime de escravidão moderno (século XVI-XIX) no qual o funcionamento das colônias européias ao redor do mundo dependia da mão de obra escrava principalmente trazida do continente africano. Homens, mulheres e crianças foram arrancadas de seus lares, ou já nasceram no cativeiro, onde as condições de sobrevivência e os maus tratos eram deploráveis. Eles eram vendidos, comprados e usados livremente como se fossem mercadoria. Haveria na Bíblia algum apoio à essa prática? É certo que os israelitas aplicavam o sistema de escravos – no sentido de trabalhadores que eram obrigados pela lei a cumprir um serviço pelo qual não recebiam salário, mas somente o sustento necessário para sobreviver. Contudo a escravidão do velho testamento era em diversas circunstâncias muito diferente das atrocidades modernas. Os escravos em muitos casos eram pessoas que, desprovidas de qualquer outra maneira de pagar dívidas que haviam contraído, eram vendidos para pagá-la, tornando-se servos de outrem.

A lei também estabelecia que tais pessoas fossêm tratadas de maneira justa por seus senhores, e que depois de um tempo fixado, teriam a dívida perdoada, tornando-se livres[8]. Porém mais do que uma “escravidão honrosa”, as escrituras nos ensinam que o padrão ideal para o Senhor não se constitue de igualdade e liberdade para todos os seus filhos. Depois da visita de Cristo, como um ser ressurreto e recém-chegado de Jerusalém, onde ressuscitou, aos nefitas no livro de mórmon, o povo parecia ter entesourado Seus ensinamentos profundamente em seu coração, construíndo uma sociedade ideal. Lemos que: “E tinham todas as coisas em comum; portanto, não havia ricos nem pobres nem escravos nem livres, mas eram todos livres e participantes do dom celestial”[9].

Ao concluir minha cuidadosa explicação sobre estes e outros tópicos, baseada numa cuidadosa análise e principalmente na inspiração que o Espírito Santo me ofertara naquele momento, pude ver uma mudança em seu semblante, que tornou-se mais alegre e confiante ao ler essas palavras. Depois de me agradecer, ela partiu entusiasmadamente para compartilhar com seu amigo menos ativo o que aprendera, e transmitir a ele a mesma alegria que tivera ao sentir seu testemunho fortalecer-se pela certeza de que este é o caminho de Deus, e seus desígnios são um círculo eterno.

Testifico que Cristo vive e nos ama. Sei que ele pagou um preço incalculável por nossos pecados, aprendendo com isto a ter uma imensa compaixão e paciência com cada uma de nossas falhas e dúvidas. Sei que por Sua orientação divina, Joseph Smith encontrou e traduziu o livro de mórmon. Testifico sobre o poder desse livro, enviado para nós como um alerta contra o pecado, um consolo à orações sinceras e uma resposta poderosa para a alma que tem fome e sede de justiça.
Referências

1. 2 Néfi 3:12;
2. 1 Néfi 4:13;
3. 1 Néfi 17:33-34;
4. Gênesis 9:6-7;
5. Gênesis 16:1-3; 29:25, 26, 28, 30;
6. D&C – Declaração oficial 1;
7. Jacó 2:27, 28, 30;
8. Êxodo 21:1-3;
9. 4 Néfi 1:3;

| Livro de Mórmon
Publicado por: Lukas Montenegro
Membro SUD, articulista da more good foundation e tradutor da fair mormon Brasil, bacharelando em física pela UFPB desde 2014; Interesses englobam as áreas de doutrinas sud, física, cosmologia, astronomia, astrofísica, ciência natural em geral, e tocar violino.
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