Histórias do crescimento da igreja sud em Portugal
Igreja SUD em Portugal
A história de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em Portugal começa com a presença de integrantes das forças armadas americanas, estacionados em diversas bases militares do país, em meados da década de 1950.
Há registros de um pequeno grupo de militares norte-americanos que se reuniam regularmente no arquipélago dos Açores a partir de 1958. Quase dez anos mais tarde, em 1967, esse primeiro grupo desfaz-se, tendo sido estabelecido um ramo (pequena congregação) nas Lajes, na ilha Terceira, Açores.
É nesse ano que a primeira cidadã portuguesa se torna membro da Igreja em Portugal. Maria Morgado, namorada de um militar americano que vivia na base. Maria interessa-se em saber mais sobre a Igreja e a sua doutrina e acaba sendo batizada no dia 9 de Outubro de 1967.
Essas primeiras reuniões da Igreja de caráter regular, são, no entanto confinadas aos militares estrangeiros, nas bases onde cumpriam o serviço militar. Quando os militares concluíam a sua comissão de serviço, retornavam aos países de origem. Devido a esse fato, o número de participantes nos serviços religiosos mórmons era bastante irregular.
Alguns anos mais tarde, na primavera de 1974, os responsáveis por esta pequena congregação dos Açores, John C. Peterson e Steven Lindsay visitam a Missão Madri Espanha, para saberem se o trabalho missionário poderia ser iniciado de forma oficial em Portugal. Foram informados de que tal não era possível, dado ao fato do regime político em vigor não permitir de forma oficial – legal – a presença de outras religiões.
A Revolução dos Cravos, como ficou conhecida a revolução de Abril de 1974, leva à criação de um novo regime e um novo governo, mais disponível para reconhecer outras entidades religiosas para além da dominante. Pouco tempo depois, o Presidente Spencer W. Kimball e David M. Kennedy, representantes especiais da Primeira Presidência, visitam o país e recebem garantias de que a Igreja pode entrar no país.
Em Agosto de 1974, um membro da Igreja, Ray Caldwell, é confirmado pelo governo do Canadá como primeiro secretário da embaixada desse país em Lisboa. Na sua viagem, realiza uma escala em Salt Lake City, Utah, tendo aí sido designado como líder de grupo de quaisquer membros que pudesse encontrar em território português. Poucos dias depois começam a ser realizadas reuniões da Igreja na casa que a família Caldwell havia alugado no Estoril, nos arredores de Lisboa.
Entretanto o reconhecimento legal da Igreja pelo governo de Portugal completa-se em 27 de Outubro de 1974, com a publicação dos seus estatutos como entidade religiosa na edição do Diário da República, a publicação oficial do Estado português.
Em Novembro de 1974, o Presidente William Grant Bangerter, que mais tarde viria a ser um membro da Presidência dos Setenta (um dos órgãos de governo da Igreja), chega a Lisboa para presidir à recém-criada Missão Portugal Lisboa. Bangerter servia na época como presidente de missão no Brasil e a transferência é vista como muito entusiasmante e como resposta direta à prece de muitos descendentes de portugueses que viviam no Brasil e que haviam se filiado à Igreja.
A primeira reunião pública da Igreja, já sob o estatuto legal, ocorreu em 24 de Novembro de 1974, na já referida residência de Ray Caldwell. Nesta ocasião histórica, dezesseis pessoas estavam presentes, incluindo-se o Presidente Bangerter e mais quatro missionários: dois norte-americanos e dois brasileiros – que haviam sido transferidos de diferentes missões da Igreja no Brasil para iniciarem o trabalho missionário em Portugal.
Os missionários começam a ter sucesso e a procura de um local mais apropriado para a realização das reuniões dominicais da Igreja intensifica-se. A primeira reunião pública da Igreja em Lisboa acontece no dia 19 de Janeiro de 1975, numa sala alugada no Hotel Roma, na avenida com o mesmo nome, no bairro de Alvalade, em Lisboa. O local havia sido escolhido por ficar próximo do apartamento onde se haviam alojado os primeiros missionários.
Na ocasião, Ray Caldwell é apoiado para ser o presidente do primeiro ramo do país. Várias famílias são batizadas ao longo de 1975. Nesse ano, em 22 de Abril de 1975, o país é oficialmente dedicado para a pregação do evangelho restaurado. A oração de dedicação é proferida pelo Elder Thomas S. Monson, na época um Apóstolo, numa cerimônia realizada ao ar livre na serra de Sintra, a cerca de 25 quilômetros de Lisboa.
Em 20 de Maio de 1975, Humberto José Sousa Mendonça torna-se, então, o primeiro converso da Igreja em Portugal depois da oração dedicatória.
Em Julho de 1976 existiam já cem membros portugueses. A Igreja atinge o primeiro milhar de membros em Julho de 1978 e passa a ter um crescimento constante desde essa data.
Mais missionários são designados para Portugal e rapidamente se espalham por todo o país. Organizam pequenas congregações em locais improvisados e assim que atingem uma dimensão sustentada, alugam edifícios mais apropriados para a realização das reuniões e outras atividades. A construção de capelas – como são conhecidos os locais de culto da Igreja – também se intensifica. A primeira capela a ser construída pela Igreja em Portugal, é a de Portimão, no Algarve.
A estaca Portugal Lisboa (equivalente a uma diocese) é criada em 10 de Julho de 1981. As estacas de Oeiras, Porto e Setúbal são criadas alguns anos mais tarde. As estacas de Porto Norte e de Coimbra viriam a ser criadas mais tarde, já nas décadas de 1990 e 2000, respectivamente.
Atualmente existem em Portugal mais de quarenta e três mil membros, organizados em setenta e quatro congregações por todo o país, incluindo os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Em 2 de Outubro de 2010, foi anunciada a construção de um templo na cidade de Lisboa, um novo marco na história da Igreja em Portugal. O templo começou a ser construído no final de 2015.
Referência
Sala de Imprensa Portugal. (aqui).
Entrevista com o irmão Rui Canas Gaspar e ajuda adicional do Irmão Carlos Domingues.