Como ser uma boa mãe em uma época de tanta pressão?
Será que estou fazendo certo? Será que sou rígida demais? Será que sou “mole” demais? Será que tenho o dom? Será que estou educando certo? Será que meu(s) filho(s) vai ter problemas sérios? Conseguirei protegê-los dos perigos do mundo? Essas são questões que permeiam a mente e o coração de praticamente todas as mães, em qualquer lugar do mundo, sejam de qualquer posição social, ou quer seja a profissão que exerçam. A verdade é que nenhuma mãe passa ilesa pela jornada da maternidade sem duvidar de suas capacidades de criar os filhos, afinal, ser pai ou mãe é um encargo que não se aprende em nenhuma faculdade do mundo, nem vem com manual de instrução. É um ofício que se aprende na prática, com muitos erros, muitas dúvidas e muitas tentativas frustradas. E ainda mais, é um ofício não muito valorizado pela sociedade.
O momento em que a maternidade acontece
Lembro-me de quando me tornei mãe. Ouvi o choro de meu bebê, e apesar de toda a angústia provocada pelo trabalho de parto, a única coisa que me importou e foi de fato sublime naquele momento, foi o chorinho esganiçado que escutei. Não liguei mais para a dor, a apreensão, a dúvida sobre o que estava por vir a partir dali. A única coisa que me importava era aquele “serzinho” que eu ouvia chorar e que tocava meu rosto com o dedinho. Os desafios maiores vieram depois. Eu não sabia ser mãe. Não sabia se estava fazendo certo ou errado ao pegar no colo demais, não sabia se ela estava sendo bem alimentada, se eu tinha leite suficiente, não sabia se deveria pegá-la no colo à noite e colocá-la ao meu lado na cama. Eu não sabia de nada.
A pressão era grande demais. Todos que vinham, sugeriam lições “infalíveis,” mas cada uma completamente diferente da outra. Muitas vezes, eu desanimei. Pensei que seria um fracasso como mãe, afinal, não estava fazendo exatamente como me disseram todas aquelas mães experientes. Até porque não era possível, já que cada uma havia criado seus filhos de forma única. Aliás, percebi que uma mãe com vários filhos cria cada um deles de forma única.
O Elder Jeffrey R. Holland relatou uma experiência de uma mãe que desabafou com ele e que pode refletir, com algumas variações, o que todas nós como mães sentimos também: “(…) ela sentia que o mundo esperava que ela ensinasse a seus filhos a ler e escrever, assim como decoração de interiores, latim, cálculo, e a como usar a Internet — tudo isso antes de o bebê dizer algo extremamente comum como “gugu”. Ela preocupava-se porque não se sentia à altura da tarefa ou porque de alguma forma não estava correspondendo ao chamado, ao exercício mental, ao esforço espiritual e emocional, às longas noites e dias e às tarefas extenuantes normalmente exigidas daquelas que procuram e desejam ser a mãe que Deus espera que sejam. Mas uma coisa, disse ela, fazia com que prosseguisse adiante. Eu cito: ‘Apesar de todos os altos e baixos e das lágrimas ocasionais, sei do fundo do coração que estou fazendo o trabalho de Deus. Sei que em meu papel de mãe sou Sua sócia eterna'” [1]
A Pressão à Mãe no Mundo Atual
Quando me dei conta de que o fato de as pessoas ao meu redor exigirem tanto de mim não significava que eu necessariamente estava fazendo um trabalho ruim, parei de me cobrar tanto, porque o mundo já nos cobra demais para que sejamos perfeitos em tudo. A sociedade cobra demais para que tenhamos a capacidade de acompanhar todas as mudanças, transformações, para que consigamos agarrar todas as opções e oportunidades disponíveis. O mundo se transformou em um cenário de competição, para saber quem tem mais, quem sabe mais ou quem é mais forte. Muitas vezes, os círculos de amigos comparam os filhos para determinar qual é a criança mais inteligente, a mais bonita, ou a que tem mais coisas. Esse é o mundo em que os pais estão criando seus filhos, e num ambiente de tanta pressão, é muito fácil questionarmos nossa capacidade de sermos bons pais. Felizmente o cenário não está tão ruim assim
Agora vou dar a boa notícia. Para ser mãe e pai você não precisa ser perfeito, sabia? E muito menos precisa ser rico, ou dar ao seu filho todos os lançamentos do mercado. Muito pelo contrário, o seu filho vai se lembrar dos brinquedos que você deu enquanto a empolgação durar. Mas o amor, o tempo, a atenção que você lhe despender, e as lições que você ensinar farão parte eternamente da história e das lembranças valiosas de seu filho.
Também é importante termos em mente que todos os pais e mães erram, mas os acertos acontecem com muito mais frequência. O problema é que geralmente estamos mais focados em nossos próprios defeitos. Mas a sua preocupação em saber se está no caminho certo é um ótimo sinal de que você ama e se importa com seu filho, e apesar de sua imperfeição, das pedras de tropeço, você está seguindo o caminho certo. E o grande segredo está em duas palavras, que citou uma antiga conselheira da Presidência Geral da Sociedade de Socorro, Sheri L. Dew: são elas “amar e conduzir” [2].
Corrigir os erros e enaltecer os acertos
Como membros da Igreja, e em uma época em que a informação está tão ricamente espalhada, podemos, com muito cuidado, tomar atitudes para melhorar nossas falhas como pais. Cada um de nós sabe em que ponto estamos acertando ou errando, cabe a nós mesmos reconhecer tais pontos e tentar melhorá-los ou então aperfeiçoá-los. Nessa autoavaliação, precisaremos muitas vezes fechar os ouvidos para muitos palpites furados de nossos amigos, vizinhos e parentes, mas também precisaremos dos aliados certos, como uma ajuda profissional, quem sabe, e o Senhor sempre.
Na minha curta, mas experiente jornada pela maternidade, aprendi algumas lições, que ainda estou me esforçando para aplicar.
1. Apesar de ser muito importante ensinarmos nossos filhos com palavras, é muito mais importante ensinar pelo exemplo. Se você quer que seu filho adquira o hábito da leitura, por exemplo, leia para ele, mas permita também que ele veja você lendo. O mesmo se aplica a outros bons hábitos.
2. Nosso amor e nossa orientação estão mais relacionados a presença: tempo, paciência, carinho; do que a presentes: coisas materiais que não preenchem o vazio emocional.
3. Ensinar o filho a fazer o melhor que ele pode dentro de seus limites, e não a ser melhor do que os outros, tem maior chance de conduzi-lo ao sucesso profissional, social e emocional. O motivo é simples, ele estará focado em progredir, e não em superar. E dessa forma, estará apto até mesmo a ajudar outras pessoas.
“O próprio fato de terem recebido essa responsabilidade é a eterna prova da confiança que seu Pai Celestial deposita em vocês. Ele está abençoando-as e irá abençoá-las, mesmo — ou melhor, especialmente — quando seus dias e suas noites forem os mais difíceis. Confiem Nele. Confiem realmente Nele. Confiem Nele para sempre. E ‘prossigam com firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de esperança’” [3].
Fontes: