Era um dia incrivelmente quente na cidade de Nova York. Eu tinha 23 anos de idade e havia me graduado pela BYU dois anos antes. Agora eu estava perto do fim do meu estágio de verão em uma agência de publicidade muito agitada. Da janela do meu apartamento eu vistava o Rio Hudson em uma cidade que brilhava de oportunidades diante de mim. O mundo inteiro parecia brilhar, mas por dentro eu me sentia… confuso. Eu tinha dúvidas.
Eu não tinha certeza sobre onde morar depois do meu estágio, o que fazer para trabalhar, e o pior de tudo, passei de um sistema de apoio enorme em Utah onde todos me encorajavam a escolher o certo e conversas sobre o Evangelho pareciam norma, para uma cidade movimentada onde meus pensamentos raramente se voltavam para o Evangelho. E quando o faziam, eram principalmente dúvidas sobre a História da Igreja. Eu me questionava se eu ainda acreditava na Igreja ou não.
Mas como podia, eu — uma pessoa que orava diariamente, e nunca passava um dia sem ler as escrituras desde que tinha 15 anos de idade — ter dúvidas? Na minha mente, dúvidas era para pessoas que tinham sérios problemas na vida ou escolhiam caminhos que os afastavam da Igreja — não para um membro ativo, missionário retornado como eu. Certo?
Foi durante esse período de grande confusão que um amigo meu me ligou do aeroporto, a caminho da sua missão. Depois de alguns minutos de conversa ele disse: “Zack, você não parece bem”. Eu desabei e pela primeira vez admiti minhas dúvidas em voz alta. Expressei minha frustração de que eu orava, estudava as escrituras e fazia tudo o que eu devia fazer, mas não sentia nada.
Ele ouviu, pensou e então falou, “… mas você tem feito da maneira certa?”
Ele continuou e compartilhou um pensamento similar do Presidente Dieter F. Uchtdorf, que disse: “pergunto-me se nossas metas organizacionais e pessoais não são muitas vezes versões modernas de uma aldeia Potemkin [imaginária]. Será que elas parecem impressionantes à distância, mas deixam de abordar as necessidades reais?” (1)
Eu era um homem sedento, segurando uma taça de água, mas que nunca me permitia abrir a boca para beber e me refrescar.
Eu fazia tudo o que era esperado de mim, mas não me permitia tirar proveito disso.
Então como se perde um testemunho estando ativo? É simples:
1) Parar de ouvir enquanto ora
Desde que eu tinha 15 anos, no final da minha oração da noite eu perguntava, “Há algo que Tu queiras que eu saiba ou faça?” E então esperava… esperava até receber uma resposta. As vezes 30 segundos, algumas vezes muitos minutos. Quando minhas dúvidas chegaram ao clímax, percebi que não fazia isso há meses.
2) Não se esforçar para aprender enquanto lê as escrituras
Eu costumava escrever pelo menos dois discursos por mês. Não para discursar, mas para aprender. O ano inteiro eu estava com dificuldades, não havia escrito um discurso sequer, nem mesmo tinha escrito o que tinha aprendido nas escrituras. Para mim, isso dificulta minha capacidade de lembrar e aplicar o que aprendi no estudo das escrituras.
3) Pensar que está tudo ‘ok’
A pior parte das minhas dificuldades foi que eu disse para mim mesmo que estava fazendo tudo certo. Era como se eu mesmo desse tapinhas nas minhas costas dizendo que “tudo vai bem”. Não perguntei ao Senhor em meus jejuns mensais: “Porventura sou eu, Senhor?” como costumava fazer, e isso afetou minha fé.
Enquanto prevenir essas atitudes parece simples, as vezes as crianças, o trabalho, casamento, namoro, contas a pagar, hobbies e tudo o mais interfere em nossos esforços e torna difícil manter nossa fé tão ativa quanto nossos hábitos. Mas a chave é querer essa conexão com o céu e se dar uma chance.
E pode não vir tudo de uma vez, mas quando seu coração estiver focado nisso, as dúvidas diminuem, a alegria aumenta e você se encontra ativamente comprometido com um testemunho mais forte do que você tinha antes.
Notas
(1) Ser Genuínos, Conferência Geral, Abril 2015
Artigo originalmente publicado no LDSLIVING.COM e traduzido por Rafael Sales
Muito bom. Bem simples mesmo,mas é apura verdade.Coisas sutis que passam despercebidas.
Gostei muito do artigo passei por algo parecido, tudo estava bem, eu sabia o que queria da vida o casamento estava bem mas espiritualmente me sentia vazio e sem esperanças para o futuro, depois perdi um familiar e tudo mudou, comecei a meditar sobre o que realmente vou levar desta vida. Felizmente sempre estudei o evangelho que quando comecei a duvidar das verdades aprendidas me lembrei do presidente Utchdorf: “Duvide de duas dúvidas”. Depois disso comecei a fazer o básico, estudar as escrituras e orar com real intenção e o mais importante para mim, comecei a guardar o dia do Senhor. Fico o domingo inteiro estudando sobre o evangelho e vou às reuniões minha vida tem sido muito melhor.
Obrigado por suas explicações
Gostei eu gostei muito da minha mensagem que eu falei agorinha ela oração também me motivou muito