O FamilySearch é conhecido por ajudar pessoas do mundo todo a descobrir suas raízes. Porém, sua história mostra que ele começou de forma simples. Hoje, essa organização se tornou o maior acervo genealógico disponível gratuitamente. Ela reúne tecnologia, preservação e um propósito espiritual muito claro: conectar famílias.

As origens da Sociedade Genealógica de Utah

A trajetória do FamilySearch começa em 13 de novembro de 1894. Nesse dia, Wilford Woodruff, então presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, organizou a Sociedade Genealógica de Utah. O objetivo incluía reunir registros, manter uma biblioteca e apoiar ordenanças do templo.

Nos primeiros anos, tudo era bastante modesto. A biblioteca contava com cerca de 300 livros. Isso mudou gradualmente. Segundo o próprio FamilySearch, hoje existem centenas de milhares de livros digitais e bilhões de registros disponíveis para pesquisa.

Além disso, usuários que antes pagavam uma taxa diária para acessar a biblioteca agora encontram mais de 7,5 bilhões de nomes gratuitamente no site FamilySearch.org.

A história do FamilySearch.

A evolução tecnológica: do microfilme à internet

Com o tempo, o trabalho cresceu. Em 1938, a sociedade começou a microfilmar documentos históricos. Essa decisão preservou milhões de páginas de certidões, livros religiosos e registros civis. O processo envolveu viagens longas e tecnologia limitada, mas produziu resultados fundamentais.

A partir da década de 1960, novos centros de história da família levaram a pesquisa para outras cidades e países. Depois, na década de 1980, chegaram os primeiros softwares domésticos de genealogia. Essa fase aproximou ainda mais as pessoas de suas árvores familiares.

O grande salto veio com a internet. Em 1999, o site FamilySearch.org entrou no ar. O nome FamilySearch simbolizava a nova etapa, mais moderna e acessível. Desde então, bilhões de imagens e registros foram disponibilizados on-line.

Em 2021, outro marco importante ocorreu: a digitalização completa dos 2,4 milhões de rolos de microfilme. Todo esse conteúdo agora está visível gratuitamente por meio de um visualizador moderno.

Quando o FamilySearch teve o seu site inaugurado.

Como o FamilySearch se tornou um acervo global

De acordo com reportagem da BBC News Brasil, o FamilySearch é uma “poderosa ferramenta criada por mórmons para ‘registrar a humanidade’”. Esse trabalho envolve um arquivo-cofre de milhares de metros quadrados, localizado na Granite Mountain, onde bilhões de documentos permanecem preservados. A organização também guarda cópias digitais em vários países, garantindo segurança e acesso contínuo.

A motivação desse esforço é religiosa. Para a Igreja, as famílias podem continuar unidas depois da morte. Por isso, conhecer gerações anteriores se torna essencial. Essa crença impulsiona o trabalho de coleta e preservação de registros desde o fim do século 19.

Ao mesmo tempo, a instituição ressalta que o FamilySearch é aberto a todos. Pessoas de qualquer religião podem buscar seus antepassados, montar árvores familiares ou encontrar documentos para processos de cidadania. Essa abertura ampliou o impacto global da organização.

Outro ponto importante envolve parcerias. Arquivos públicos, cartórios e dioceses aceitam digitalizar seus acervos em troca de uma cópia para o FamilySearch. Assim, documentos antes restritos a uma sala ou prateleira chegam ao mundo inteiro.

Rootstech do FamilySearch.

RootsTech, IA e histórias orais: o FamilySearch hoje

Hoje, o FamilySearch mantém mais de 6.000 centros de história da família e a maior biblioteca genealógica do planeta, em Salt Lake City. Além disso, promove experiências que aproximam as pessoas de sua história — inclusive por meio de tecnologia.

A RootsTech, por exemplo, virou uma conferência global. Com a pandemia, o evento se tornou totalmente on-line. Em 2024, reuniu quase 5 milhões de participantes, com centenas de milhões de conexões familiares. O modelo híbrido ampliou o alcance da conferência e transformou a genealogia em algo mais acessível e inspirador.

Outra iniciativa marcante é o registro de histórias orais. Em regiões onde as genealogias não estão escritas, mas preservadas na memória dos anciãos, o FamilySearch envia equipes locais. Essas entrevistas criam registros antes inexistentes, especialmente em países da África e do Pacífico.

Além disso, tecnologias de inteligência artificial aceleram a indexação de bilhões de documentos digitalizados. A IA sugere informações, enquanto voluntários corrigem e refinam os dados, tornando-os mais precisos. Essa combinação multiplicou a velocidade de publicação de novos registros.

O site também oferece experiências interativas, como páginas que mostram fatos sobre o ano de nascimento do usuário, curiosidades sobre seu nome e comparações de rostos com antepassados. Essas ferramentas tornam a história familiar mais leve e envolvente.

Presidente Nelson e sua esposa falando sobre a história do FamilySearch.

O propósito final: conectar e nutrir famílias

O presidente Nelson ensinou que “os templos são nutridos com nomes”. Isso significa que o trabalho espiritual no templo depende da pesquisa genealógica. Assim, o FamilySearch não existe apenas para preservar documentos, mas para ajudar a encontrar pessoas reais — pais, avós e gerações anteriores — que aguardam ordenanças e lembranças.

Por outro lado, muitas pessoas sem ligação religiosa também se beneficiam do site. Algumas completam processos de cidadania, outras descobrem irmãos que nunca conheceram e muitas reencontram memórias de familiares falecidos. Esses momentos mostram que o impacto do FamilySearch vai além das expectativas.

Ao olhar para o futuro, líderes do FamilySearch falam sobre um projeto ousado: construir a “árvore genealógica da humanidade”. A ideia é identificar todos os filhos de Deus com precisão e preservar essas relações. Embora pareça um desafio enorme, eles ressaltam que o trabalho já avança de forma constante.

No fim, a história do FamilySearch não é apenas sobre tecnologia ou arquivos antigos. Ela fala de pessoas. Cada documento digitalizado, cada áudio preservado e cada foto restaurada aproximam alguém de sua origem. E, para milhões de usuários, essa descoberta traz identidade, gratidão e pertencimento.

Assim, o FamilySearch continua cumprindo seu propósito: ajudar as pessoas a descobrir, reunir e conectar o que mais importa — a família, no passado, no presente e no futuro.

Veja também