Desde o êxodo do Egito, Deus comandou que o povo de Israel construísse um santuário móvel onde Ele pudesse habitar entre eles — o tabernáculo de Moisés. (Êxodo 25:8)Esse tabernáculo não era apenas um abrigo físico: era rico em simbolismo, ordenado por Deus, e apontava para nosso Redentor. Agora, vamos entender seus elementos, funções e significado.
O propósito e a estrutura geral
A palavra “tabernáculo” significa “lugar de habitação” — porque, Deus desejava habitar no meio de Seu povo. Quando Israel acampava, o tabernáculo era montado no centro do arraial, simbolizando que Deus deveria ser o centro da vida do povo.
Esse santuário móvel possuía três partes principais pelas quais se passava para chegar à presença de Deus:
- O pátio externo
- O Lugar Santo
- O Lugar Santíssimo
Cada uma dessas áreas tinha funções específicas e itens sagrados, que ensinavam verdades espirituais.

Os elementos e suas funções simbólicas
A seguir, veja alguns dos principais elementos do tabernáculo e o que eles representavam (lado a lado com suas funções práticas):
1. Altar de holocaustos (ou de sacrifício)
Localizado no pátio externo, esse altar era onde os sacrifícios de animais ocorriam. O sangue era levado ao altar, queimado ou aspergido, conforme o tipo de oferta. Esses sacrifícios simbolizavam que a reconciliação com Deus requer oferta de vida (o sangue) — uma sombra do sacrifício de Cristo.
2. Pia de água
Antes de aproximar-se ou entrar no recinto sagrado, os sacerdotes deviam lavar as mãos e os pés nessa bacia de bronze. Essa prática apontava para pureza, para a necessidade de estar limpo diante de Deus — simbolicamente nos limpando de pecado.
3. Candelabro (menorá)
No interior do Lugar Santo havia um lampadário de ouro com sete braços (sete lâmpadas). A luz representava a presença divina e revelação. Alguns interpretam que essa luz apontava para Cristo como a “luz do mundo”.
4. Mesa da proposição
Também no lugar santo, havia uma mesa com doze pães (um para cada tribo) sobre ela, renovados semanalmente. Isso simbolizava a comunhão entre Deus e seu povo, e a provisão contínua de Deus.
5. Altar do incenso
Logo antes do véu que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos, ficava o altar de incenso. Os sacerdotes queimavam incenso diariamente, e o cheiro subia como oferta de oração. A fumaça simbolizava as orações dos fiéis que sobem a Deus.
6. O véu
Entre o Lugar Santo e o Santo dos Santos havia um véu que separava o povo da presença imediata de Deus. Esse véu simboliza a separação entre o humano e o divino por causa do pecado.
7. Arca da Aliança e o propiciatório
Dentro do Lugar Santíssimo ficava somente a arca da aliança, sobre a qual estava o propiciatório com dois querubins. A arca continha as tábuas da lei, o maná e o cajado de Arão — testemunhos da relação de Deus com Israel.
A tampa da arca era chamada de propiciatório e representava o trono de Deus; era o ponto mais sagrado, onde a presença de Deus poderia manifestar-se de modo limitado, e onde o sumo sacerdote entrava uma vez por ano no Dia da Expiação para aspergir sangue para a remissão do povo.
8. Ritual de lavagem, unção e vestes sacerdotais
Antes de servir, os sacerdotes eram lavados e ungidos e se vestiam com roupas sagradas, segundo instruções divinas.
Assim, entendemos que cada parte, cada ritual, cada móvel do tabernáculo era intencional. Não era apenas funcional, mas pedagógico, apontando para realidades espirituais, revelando quem Deus é, nossa condição humana, e o caminho para nos aproximarmos Dele.

A função espiritual e o significado simbólico
O tabernáculo cumpria papéis fundamentais:
Habitação de Deus no meio do povo: símbolo de que Deus desejava estar perto de Israel.
Mediação e intercessão: por meio dos sacerdotes, do sacrifício e do véu, o sistema mostrava a necessidade de um mediador para aproximar o homem de Deus.
Projeção messiânica: muitas peças simbolizavam Jesus Cristo — o pão, o incenso, a luz, o sangue.
Preparação para templos posteriores: o esquema do tabernáculo serviu como modelo para templos posteriores, inclusive o templo em Jerusalém.

E existe um tabernáculo nos dias de hoje?
Sim. Embora não em forma de tenda móvel, o conceito e propósito do tabernáculo vive nos templos modernos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Os templos são espaços sagrados onde nos aproximamos de Deus, fazemos ordenanças e selamentos em um ambiente separado, simbólico e ordenado. Há paralelos evidentes:
- Dentro dos templos, somos lavados e ungidos antes de entrar em recintos mais santos — semelhante ao ritual do tabernáculo.
- O templo tem espaços simbólicos e véus que representam o caminho para Deus e a mediação de Cristo.
- Os templos, assim como o tabernáculo, apontam para a presença de Deus entre Seu povo, o compromisso com o convênio e a obra do Salvador.
Alguns membros da Igreja já construíram réplicas do Tabernáculo de Moisés para ensinar sobre ele. Por exemplo, em 2015, num acampamento dos Jovens foi erguida uma réplica em escala real, para que os participantes vissem com os próprios olhos o que as escrituras descrevem.
Conclusão
O tabernáculo de Moisés foi mais do que uma estrutura: foi uma lição viva. Cada altar, véu e ritual, falava da santidade de Deus, da necessidade de mediação, da reconciliação por meio do sangue e da missão redentora de Cristo.
E hoje, ao entrar num templo ou refletir sobre esses aspectos, podemos sentir a continuidade desse plano divino: Deus ainda deseja habitar conosco, nos ensinar e nos aproximar Dele. O tabernáculo antigo nos aponta para o presente e para o futuro, lembrando-nos de caminhar sem direção ao nosso Pai, ao lado de Cristo.
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