Pergunta
Sempre tive dúvida de podemos fazer este procedimento estético. Se meu corpo é um templo, fazer uma cirurgia plástica, ou coisas do tipo, não seria como profanar o templo?
Resposta
Sua pergunta é muito interessante. Algumas pessoas não têm tabu nenhum para falar ou fazer procedimento estético, enquanto outras acham que pode ser algo ruim e que vai contra a lei natural da vida de envelhecer ou lidar com o corpo da maneira que ele é.
Em um mundo onde a pressão pela aparência perfeita é constante e os procedimentos estéticos são cada vez mais comuns, é natural que a gente se sinta um pouco perdido. Afinal, como equilibrar a crença de que nosso corpo é sagrado com o desejo, tão humano, de nos sentirmos bem com o que vemos no espelho?
A popularidade dos procedimentos estéticos, cirúrgicos ou não-cirúrgicos, é inegável, assim como a busca por harmonia na aparência. Esta é uma realidade global que cresce a cada ano e que se tornaram parte da vida de milhões de pessoas.
De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), mais de 30 milhões de procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos foram realizados em todo o mundo em um único ano.
Países como os Estados Unidos e o Brasil lideram consistentemente os rankings, mostrando que o desejo de alterar ou melhorar a aparência está presente na vida de muitos ao nosso redor.
Então, vamos ao que interessa: à luz do evangelho, é errado fazer cirurgia plástica?

O que a Igreja diz oficialmente?
A primeira coisa que precisamos saber é que não há uma resposta “sim” ou “não” em um manual. A Igreja nos orienta com princípios eternos, confiando em nossa capacidade de tomar decisões justas. Sobre este tópico específico, a posição é clara em sua neutralidade. Em um artigo publicado no site da Igreja sob o título “What is the Church’s view on plastic surgery for cosmetic purposes?” também afirma que “a Igreja não tem uma posição oficial sobre a cirurgia plástica cosmética.”
Essa ausência de uma regra formal não significa que o assunto não seja importante. Pelo contrário, significa que a responsabilidade da decisão é nossa. Exige o nosso estudo, ponderação e, acima de tudo, que levemos a questão ao Senhor. Em vez de buscar uma permissão externa, somos convidados a buscar uma confirmação interna, alinhando nossos desejos com a vontade de Deus.
Conselhos de um Apóstolo
Embora não haja uma política, há conselhos de amor e sabedoria que podem iluminar nosso caminho e escolhas. O Élder Jeffrey R. Holland, com seu carinho característico, fez um apelo sobre este assunto. Ele disse:
“Rogo a vós, moças, que por favor se aceitem mais, incluindo o formato e o estilo do vosso corpo, com um pouco menos de anseio por se parecerem com outra pessoa. … Em demasiados casos, faz-se demais ao corpo humano para satisfazer… um padrão fictício (para não dizer superficial). … Em termos de preocupação consigo mesmo e de fixação no físico, isto é mais do que insanidade social; é espiritualmente destrutivo… E se os adultos estão preocupados com a aparência — esticando e diminuindo e implantando e remodelando tudo o que pode ser remodelado — essas pressões e ansiedades certamente se infiltrarão nas crianças.”
As palavras do Élder Holland não são uma proibição, mas um convite amoroso para examinarmos nossas motivações. Ele nos alerta sobre o perigo de uma “fixação no físico”, que pode ser “espiritualmente destrutiva”.
Seu conselho nos incentiva a encontrar nossa autoestima em nossa identidade divina como filhos e filhas de Deus, e não em padrões de beleza que a mídia define como ideais.

Nosso arbítrio e nosso coração
No final, a decisão sobre fazer ou não uma cirurgia plástica é uma escolha pessoal. Não há uma resposta única para todos, pois as circunstâncias e motivações de cada pessoa são únicas.
Um estudo sobre imagem corporal, publicado pelo Utah Women & Leadership Project na sua série Research & Policy Brief, constatou que, para alguns membros da Igreja, a decisão de fazer uma cirurgia plástica foi tratada como uma “decisão religiosa e até oraram sobre isso”. Essa busca pessoal é a chave.
Se você está considerando um procedimento estético, talvez as melhores perguntas não sejam “eu posso?”, mas sim:
- Por quê? Qual é a verdadeira raiz do meu desejo? É para corrigir algo que genuinamente me aflige ou é para me encaixar em um padrão irreal?
- De onde vem a pressão? Vem de um desejo sincero de cuidar do meu corpo como um templo ou da comparação com os outros e com a mídia?
- Isso me aproxima de Cristo? Essa decisão, e a energia mental e financeira que ela exige, está fortalecendo meu espírito ou me levando a uma “fixação no físico ideal”?
Nosso corpo é um dom sagrado, um templo para o nosso espírito. Cuidar dele é um dever e uma alegria. A forma como o fazemos, no entanto, deve ser guiada pela sabedoria, pela moderação e, acima de tudo, pela revelação pessoal.
A resposta mais importante não virá de um artigo, mas de uma conversa sincera com o Pai Celestial, que nos conhece perfeitamente e nos ama incondicionalmente, com ou sem cirurgia. Espero ter ajudado.
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