Entre as histórias que nos tocam nas escrituras, poucas são tão trágicas quanto a de Judas Iscariotes. Seu nome se tornou sinônimo de traição. Pensar que um dos homens que caminharam com o Salvador, ouviram Seus ensinamentos e testemunharam Seus milagres, foi quem O entregou aos Seus inimigos é algo que nos abala e pode até trazer sentimentos de revolta.

A traição de Judas no Jardim do Getsêmani foi o ato que deu início aos eventos finais da vida mortal do Salvador, culminando em Sua Crucificação e Expiação. É um momento tristeza e reflexão. Mas, depois de tudo, o que aconteceu com Judas Iscariotes? Para onde o levou o caminho que ele escolheu? Sua história termina com as trinta moedas de prata? Vamos explorar juntos o que as escrituras nos contam.

Quem foi Judas, um dos Doze Apóstolos?

Antes de ser o traidor, Judas era um discípulo, um dos doze apóstolos chamados pessoalmente por Jesus Cristo para servir em Seu ministério. Por meio das escrituras aprendemos que ele era o “filho de Simão”. Judas recebeu o mesmo chamado que Pedro, Tiago, João e os outros: seguir o Mestre, pregar o evangelho e ser uma testemunha especial de Seu nome.

Ele não era um estranho ou um inimigo infiltrado desde o início; ele era parte do círculo mais íntimo de Cristo. As escrituras revelam que a ele foi confiada uma posição de responsabilidade. Ele era o tesoureiro do grupo, aquele que cuidava dos recursos que sustentavam Jesus e os apóstolos em seu ministério. Versículos nos capítulos 12 e 13 do livro de João confirmam que Judas era “o tesoureiro do grupo”.

Essa confiança depositada nele torna sua queda ainda mais dolorosa. Ele tinha um chamado sagrado e muita proximidade com o próprio Filho de Deus. Ele tinha todas as oportunidades para fortalecer sua fé e se tornar um instrumento nas mãos do Senhor.

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A traição

Então, o que deu errado? As escrituras sugerem que o coração de Judas foi se desviando aos poucos. O evangelho de João aponta a cobiça como um de seus problemas, mencionando que ele era ladrão e tirava o que se colocava na bolsa (João 12:6). 

Talvez houvesse também um desapontamento com o tipo de Messias que Jesus era — um Salvador espiritual, e não o libertador político que muitos esperavam.

Qualquer que tenha sido a raiz, suas fraquezas abriram uma porta para a influência do adversário. A decisão de trair Jesus por trinta moedas de prata não foi um impulso, mas o resultado de uma conspiração com os principais dos sacerdotes. 

Foi uma escolha deliberada, um ato que selou seu destino e que ecoaria pela eternidade. E no fim, ele usou um gesto de amizade, um beijo, como sinal para entregar o Salvador.

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O peso do remorso: a decisão final de Judas

Aqui chegamos ao cerne da pergunta: o que aconteceu com Judas Iscariotes após sua decisão de trair Jesus? A resposta é uma das mais tristes de todos o cânone de escrituras. O peso do que ele havia feito o esmagou. 

Quando viu que Jesus havia sido condenado, um terrível remorso tomou conta dele. Ele tentou reverter o que fez, levando o dinheiro de volta aos principais dos sacerdotes e anciãos. Mateus 27 descreve este momento com clareza: 

“…vendo que fora condenado, devolveu, arrependido, as trinta moedas de prata aos principais dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se.”

Esse é um ponto crucial. Judas sentiu remorso. Ele sentiu a “tristeza do mundo”, que, como o apóstolo Paulo ensinaria mais tarde, “opera a morte” (2 Coríntios 7:10). 

Ele lamentou a consequência de seu ato, o terrível resultado, mas não parece ter se voltado para a fonte de cura e perdão — o mesmo Salvador que ele havia traído. Seu desespero o levou a tirar a própria vida, um final trágico para alguém que um dia foi chamado para ser uma luz para o mundo.

Pedro- apóstolo de Jesus

Uma lição de esperança: o contraste entre Judas e Pedro

A história de Judas é triste, mas ela nos ensina uma lição importante quando a contrastamos com a de outro apóstolo: Pedro. 

Pedro também teve um momento de profunda fraqueza. Na mesma noite em que Judas traiu o Salvador, Pedro O negou três vezes, exatamente como Jesus havia profetizado. Aquela foi uma falha grave, vinda do apóstolo principal entre os Doze.

A diferença crucial está no que aconteceu depois. Ao ouvir o galo cantar, Pedro “chorou amargamente” (Mateus 26:75). Sua dor não era apenas remorso; era a “tristeza segundo Deus”, que “opera arrependimento para a salvação” (2 Coríntios 7:10). 

Pedro não se desesperou. Ele se voltou para o Senhor. Ele se agarrou à esperança do perdão, permitiu que a Expiação de Cristo o curasse e se tornou a rocha sobre a qual o Salvador edificaria Sua Igreja.

O exemplo de Pedro nos mostra que a queda não precisa ser o fim. Seus erros não o definiram, porque ele escolheu o arrependimento. A história de Judas, por outro lado, é um alerta sobre onde o pecado não resolvido e o desespero podem nos levar.

Quando refletimos sobre o que aconteceu com Judas Iscariotes, não o fazemos para julgar, mas para aprender. Aprendemos sobre a importância de fortalecer nossa fé em Cristo, de resistir às tentações e, acima de tudo, de entender que não há erro tão grande que não possa ser superado pelo poder do arrependimento e da misericórdia de Jesus Cristo.

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