Há divergência entre os relatos da Primeira Visão?

Primeira Visão de Joseph Smith
O marco da Restauração do Evangelho é a Primeira Visão do profeta Joseph Smith. Com apenas 14 anos ele desejava saber qual das muitas igrejas era a verdadeira, e recorreu a oração, após ler Tiago 1:5, na Bíblia, que o instava a rogar a Deus com fé. Em resposta a sua prece sincera, o Pai e o Filho apareceram e falaram com o menino.
Joseph contou essa sagrada experiência várias vezes, mas deixou registrado quatro narrativas. Assim como Paulo e Alma, que contaram suas experiências diversas vezes, detalhes foram adicionados ou retirados, dependendo do publico para quem se dirigiam e do tema seu discurso.
A mesma coisa acontece em outras partes da escrituras. Por exemplo: temos três relatos da Criação do mundo. Eles não se contradizem, mas adicionam perspectivas variadas. A genealogia do Salvador que conta em Mateus e em Lucas variam um pouco – e alguns supõem que uma se trata dos antepassados de Maria e outra de José.
Respostas aos Críticos
A Igreja publicou uma excelente resposta aos críticos que utilizam a variedade de relatos para questionar a realidade da Visão. Fato é que apenas Joseph (como mortal) foi testemunha ocular do que aconteceu. E nossa fé neste fato depende de procurarmos a verdade por meios espirituais. Em outras palavras, podemos orar a Deus e perguntar se, de fato, Joseph Smith viu, ouviu e aprendeu naquela manhã de primavera.
Os críticos apresentam dois argumentos para questionar a credibilidade de Joseph: o primeiro questiona a lembrança de Joseph Smith dos eventos; o segundo questiona se ele enfeitou elementos da história com o passar do tempo.
Memória. Um argumento sobre os relatos da Primeira Visão de Joseph Smith alega que evidências históricas não sustentam a descrição de Joseph Smith do reavivamento religioso em Palmyra, Nova York e seus arredores em 1820. (…)
Provas documentais, no entanto, apoiam as declarações de Joseph Smith sobre o reavivamento. A região onde morava ficou famosa por seu fervor religioso e sem dúvida alguma foi um dos locais centrais dos reavivamentos religiosos. Os historiadores referem-se à região como o “Distrito Inflamado” porque pregadores exauriram a terra, realizando acampamentos de reavivamento e buscando novos conversos durante o início do Século XIX.
Ampliação. O segundo argumento frequentemente feito sobre os relatos da Primeira Visão de Joseph Smith é que ele enfeitou sua história ao longo do tempo. Esse argumento concentra-se em dois detalhes: o número e a identidade dos seres celestiais que Joseph Smith declarou ter visto. Os relatos de Primeira Visão de Joseph descrevem os seres celestiais cada vez com mais detalhes ao longo do tempo. O relato de 1832 diz: “o Senhor abriu os céus sobre mim e vi o Senhor”. Seu relato de 1838 afirma: “Vi dois Personagens”, um dos quais apresentou o outro como “Meu Filho Amado”. Como resultado, os críticos têm argumentado que Joseph Smith começou relatando de ter visto um personagem — “o Senhor” — e acabou alegando ter visto tanto o Pai quanto o Filho. (…)
As descrições cada vez mais específicas de Joseph podem ser vistas de maneira mais convincente como evidências cada vez mais esclarecedoras, acumuladas ao longo do tempo, com base na experiência. Em parte, as diferenças entre o relato de 1832 e os relatos posteriores podem ter algo a ver com as diferenças entre a palavra escrita e o discurso oral. O relato de 1832 representa a primeira vez que Joseph Smith tentou escrever sua história. Naquele mesmo ano, ele escreveu à um amigo dizendo que se sentia aprisionado por “caneta, papel e tinta e a linguagem distorcida, fragmentada, dispersa e imperfeita”. Ele chamou a palavra escrita de “pequena e estreita prisão”. A abrangência dos relatos posteriores é mais fácil de entender e até mesmo esperada quando reconhecemos que eles foram provavelmente relatos ditados — um meio fácil e confortável para Joseph Smith e que permitia que as palavras fluíssem mais facilmente.
Relatos da Primeira Visão
Relato de 1832. O relato mais antigo conhecido da Primeira Visão, o único relato escrito pelo próprio Joseph Smith, encontra-se em uma autobiografia curta, não publicada, que Joseph Smith produziu na segunda metade de 1832. No relato, Joseph Smith descreveu a respeito da consciência que tinha de seus próprios pecados e da sua frustração por não conseguir encontrar uma igreja que combinasse com a qual ele tinha lido no Novo Testamento e que o levaria à redenção. Ele enfatizou a Expiação de Jesus Cristo e a redenção pessoal que oferecia. Ele escreveu que “o Senhor” apareceu e perdoou-lhe seus pecados. Como resultado da visão, Joseph sentiu alegria e amor, porém, como ele observou, não conseguia encontrar alguém que acreditasse em seu relato.
Relato de 1835. No outono de 1835, Joseph Smith contou sua Primeira Visão a Robert Matthews, um visitante de Kirtland, Ohio. Esse novo relato, registrado no diário de Joseph por seu escrevente Warren Parrish, salienta sua tentativa em descobrir qual igreja estava certa, a oposição que sentiu ao orar e a aparição de um personagem divino, que foi seguido logo por outro. Esse relato também registra a aparição de anjos na visão.
Relato de 1838. A narração da Primeira Visão mais conhecida dos santos dos últimos dias hoje é o relato de 1838. Publicado pela primeira vez em 1842, no Times and Seasons, jornal da Igreja em Nauvoo, Illinois, o relato foi parte de uma história mais longa ditada por Joseph Smith em meio a períodos de intensa oposição. Enquanto o relato de 1832 enfatiza a história mais pessoal de quando Joseph Smith era um rapaz em busca de perdão, o relato de 1838 enfatiza a visão como o início da “ascensão e progresso da Igreja”. Do mesmo modo que o relato de 1835, a questão central da narrativa é qual igreja está certa.
Relato de 1842. Escrito em resposta a solicitação do editor do jornal Chicago Democrat, John Wentworth, para obter informações sobre os santos dos últimos dias, esse relato foi publicado no Times and Seasons em 1842. (“A Carta Wentworth”, como ela é mais conhecida, também é a fonte para as Regras de Fé). O relato, destinado a publicação para uma audiência não familiarizada com as crenças mórmons, é direto e conciso. Como nos relatos anteriores, Joseph Smith referiu-se à confusão que ele vivenciou e o aparecimento de dois personagens em resposta a sua oração. No ano seguinte, Joseph Smith enviou esse relato com pequenas modificações para um historiador chamado Israel Daniel Rupp, que o publicou como um capítulo em seu livro, He Pasa Ekklesia [The Whole Church]: An Original History of the Religious Denominations at Present Existing in the United States [História Original das Denominações Religiosas Atualmente Existentes nos Estados Unidos].
Relatos de Terceiros. Além desses relatos produzidos pelo próprio Joseph Smith, cinco relatos foram escritos por contemporâneos que ouviram Joseph Smith falar sobre a visão.